Rachel Sheherazade: a mulher que aterroriza a esquerda
Autor de vários livros adotados em faculdades de Pedagogia, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. desejou, como votos para 2014, que a âncora do jornalismo do SBT seja estuprada — não por ser misógino, mas por ser membro de uma universidade quase totalitária
José
Maria e Silva
Hoje, o “terrorismo intelectual”,
para usar uma expressão do jornalista e ensaísta francês Jean Sévillia, está
cada vez mais ousado, disfarçando-se de ciência de ponta quando não passa da
mais baixa mistura de ideologia marxista e instintos primitivos. Uma de suas
versões mais sorrateiras é a suposta luta contra o preconceito, por meio da
ditadura do “politicamente correto”. Paradoxalmente, o terrorista intelectual
também é capaz de fingir que se insurge contra essa ditadura em nome da
liberdade de expressão, sendo que, na prática, faz o contrário. Um exemplo de
terrorismo intelectual que se enquadra justamente nesse último aspecto do
fenômeno são os agressivos ataques à jornalista Rachel Sheherazade, âncora do
telejornal “SBT Brasil”. Uma das fontes desses ataques é o filósofo Paulo
Ghiraldelli Jr., autor de vários livros e professor da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro.
Na quinta-feira, 26 de dezembro, no
Facebook do filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. foi postada a seguinte mensagem:
“Meus votos para 2014: que Rachel Sherazedo seja estuprada”. Logo em seguida,
foi postada outra mensagem com o mesmo teor: “Votos para 2014: que a Rachel
Sherazedo abrace bem forte, após ser estuprada, um tamanduá”. Alertada por um
amigo, Sheherazade denunciou os ataques em seu Twitter: “Caso grave de
incitação ao crime, promovido pelo Sr. Paulo Ghiraldelli ou quem se faz passar
por ele. Compartilhem!” Em seguida, questionou diretamente o próprio filósofo:
“Sr. Ghiraldelli, liberdade de expressão termina onde começam calúnia,
difamação, ameaça, incitação ao crime! Vai aprender isso num tribunal!” E, no
dia 30, a jornalista postou no Twitter: “Missão cumprida: esta manhã fui à
delegacia competente representar penalmente contra meu agressor ou quem se faz
passar por ele. Agora, é só aguardar as providências legais e a providência
divina. Tenho a certeza de que cumpri meu papel de cidadã”.
Diante da pronta reação da
jornalista, o filósofo recuou. Numa mensagem enviada diretamente para o Twitter
de Sheherazade, Ghiraldelli tentou se justificar: “Prezada Rachel Sheherazade,
não sou favorável a qualquer incitação à violência contra mulher, menos ainda à
imprensa. Posso me explicar?”
Paulo Ghiraldelli negou ser o autor
dos votos de que Rachel Sheherazade seja estuprada em 2014. Ele alegou que seu
Facebook foi invadido por “hackers” e apagou as mensagens de incitação à
violência contra a jornalista. Mas o filósofo deve ter fugido das aulas de
lógica. Se não é o autor das mensagens injuriosas contra Sheherazade,
Ghiraldelli não pode se limitar a pedir desculpas a ela por um crime que alega
não ter cometido – até para demonstrar sua alegada inocência, seu dever é
prontificar-se a ajudar a jornalista a descobrir o criminoso que a atacou. Para
isso, tão logo se deu conta da invasão, além do pedido de desculpas e de apagar
as mensagens, ele próprio deveria ter recorrido à polícia para descobrir quem foi
que o usou para atacar a âncora do SBT. Todavia, o filósofo fez o contrário:
ele tentou – e continua tentando – se passar por vítima, não só do suposto
“hacker” que teria invadido seu perfil, mas também da “direita” e até da
própria Rachel Sheherazade, a verdadeira vítima nessa história, uma vez que tem
sido alvo recorrente de ataques da esquerda.
O desespero do filósofo contraditório
Paulo Ghiraldelli Jr. é um dos que
atacam sistematicamente a âncora do SBT apesar de ter tentado negar esse fato
na entrevista que concedeu à “Folha de S. Paulo” em 28 de dezembro, em
reportagem de Anahi Martinho. Ghiraldelli, segundo o jornal, negou ser o autor
das postagens e disse: “Se eu for processado, vou lá no tribunal, respondo. Se
for condenado, pago uma cesta básica e pronto. Não vai acontecer absolutamente
nada,’ disse.” Ainda segundo a “Folha”, Paulo Ghiraldelli “também negou ser o
autor de outras postagens antigas ironizando Sheherazade, encontradas em suas
contas no Twitter e Facebook”.
Ao mesmo tempo em que diz não ser
autor dos ataques à jornalista, ele zomba da Justiça ao dizer que sua
condenação, se ocorrer, não passará do pagamento de cestas básicas. Mas,
valendo-se do Twitter, ele mandou uma sequência de mensagens para a âncora do
SBT que revelam certo desespero: “Prezada Rachel Sheherazade, eu retirei minha
conta do ar, em respeito a você, agora peço que tire o post do ar para não
incitarmos torcidas. Não há nenhuma justiça nos julgamentos a priori, nas
denúncias a partir de meios inseguros. Isso é linchamento público. Repudio.
Gostaria que tirasse do seu Face a conclamação contra mim, pois trata-se de
injustiça. Eu estou pedindo desculpas públicas”. Reparem na distorção dos fatos
promovida pelo filósofo: de algoz de Rachel Sheherazade, ele tenta se passar
por sua vítima, acusando a jornalista de linchá-lo publicamente, quando ela
está apenas se defendendo dos ataques sórdidos que sofreu. É uma ignomínia que
um filósofo e professor universitário – sustentado com dinheiro público – tenha
esse tipo de comportamento.
Nas declarações à “Folha de S.
Paulo”, o filósofo Paulo Ghiraldelli Jr. manteve essa estratégia de
criminalizar Rachel Sheherazade: “Quando recebi o recado dela no Twitter,
duvidei que era ela de verdade. Sou um simples professor de filosofia, um
coitado, completamente desconhecido do mundo. E de repente uma jornalista da
televisão querendo me caçar? A maneira com que ela me abordou não foi normal”.
Ele disse que jamais faria piadas com conteúdo violento: “Eu não gosto desse
tipo de brincadeira [sobre estupro]. Não é do meu feitio. Embora não ache que
se deve censurar humorista, caçar gente por aí”. Como fica claro, Paulo
Ghiraldelli, que se define como “o filósofo da cidade de São Paulo”, resolveu
concorrer com o “Porta dos Fundos” e está se autonomeando “humorista”, numa
tentativa desesperada de escapar da Justiça. Espero que a Faculdade de
Pedagogia da Universidade Federal de Goiás e demais cursos de pedagogia do País
retirem de suas respectivas bibliografias de graduação e pós-graduação os livros
desse humorista confesso.
Fonte:
Jornal
Opção
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