Ex-Prostitutas Forçadas Criticam ONU e Anistia Internacional
Lisa
Correnti
NOVA IORQUE, EUA, 21 de março
(C-FAM) Mulheres resgatadas da prostituição estão criticando agências da ONU e
a Anistia Internacional por tentarem legalizar a prostituição insistindo em que
a legalização levaria ao tráfico de mais meninas, e transformaria os cafetões
em empresários legítimos.
“Quando [funcionários da ONU]
trabalharem num bordel, só então darei atenção ao argumento deles,” disse uma
ex-prostituta forçada se referindo à agência da ONU recentemente criada chamada
ONU Mulheres.
“Que porcaria eles [Anistia
Internacional] estão pensando,” disse Rachel Moran, uma ex-prostituta forçada
da Irlanda. Autora do livro “My Journey Through Prostitution” (Minha Jornada na
Prostituição), Moran se refere a um documento preliminar
vazado que defende a legalização do “trabalho do sexo.” O relatório, que de
acordo com um dos participantes do painel foi escrito em parte por um
ex-cafetão que é agora funcionário da Anistia Internacional, foi criticado por
criar um “direito dos homens comprarem sexo.”
As sobreviventes do tráfico sexual
e prostituição falaram diante de uma multidão enorme na conferência anual da
ONU sobre mulheres. O painel sobre “Prostituição e Trabalho Sexual,” organizado
pela Coalizão contra Tráfico de Mulheres (CCTM), foi realizado enquanto
diplomatas negociavam se poderiam descrever a prostituição como “trabalho de
sexo.”
O termo “trabalho de sexo” se
originou de cafetões dos EUA a fim de normalizar a prostituição. Embora muitos
usem o termo para evitar ofender mulheres prostituídas, normalizar a frase só
beneficia cafetões e aproveitadores, disseram os participantes do painel. A
prostituição não é trabalho, argumentaram eles — é estupro pago, e usar o termo
prejudica os esforços para detê-lo.
Agências da ONU recentemente
lançaram relatórios que instruem os países a descriminalizar todos os aspectos
da prostituição para reduzir o HIV/AIDS e promover direitos humanos. Um
relatório do Programa de Desenvolvimento
da ONU (PDONU) sobre HIV e a Lei e o Trabalho de Sexo e a Lei na Ásia e no
Pacífico, um relatório apoiado pelo PDONU, FNUAP e UNAIDS, pede a
descriminalização da prostituição.
Os relatórios da ONU indicam que as
mulheres prostituídas “trabalham” por escolha. Contudo, Natasha Falle,
fundadora de SEXTRADE 101, disse que mais de 95 por cento querem sair, mas
precisam de assistência. Falle, uma canadense sobrevivente do tráfico sexual,
tem ajudado centenas de mulheres a escapar da prostituição.
Os relatórios da ONU sugerem que a
legalização fornece proteções para mulheres prostituídas. Errado de novo,
disseram as participantes do painel. Homens que pagam por sexo são viciados em
usar o corpo das mulheres como drogas, disse uma ex-vítima. Os homens acreditam
que o tempo que eles compraram para estar com uma mulher os coloca em controle
total. Não dá para se fazer cumprir as leis que exigem o uso da camisinha.
As participantes ficaram de boca
aberta quando foram informadas que um email obtido de ONU Mulheres revelou
apoio à descriminalização. As ex-mulheres prostituídas incentivaram a audiência
lotada a dizer a ONU Mulheres elas devem retirar seu apoio à descriminalização
e que a prostituição tem de ser tratada como violência com base no gênero.
No mês passado a Anistia
Internacional respondeu à repercussão de seu relatório vazado declarando: “Não
fizemos ainda nenhuma decisão.” A Anistia comentou que a Organização Mundial de
Saúde, ONU Mulheres, a Comissão Global sobre HIV e a Lei, o Inspetor Especial
da ONU sobre Direito à Saúde e o Observatório de Direitos Humanos todos “apoiam
ou estão pedindo a descriminalização do trabalho de sexo.”
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