A paciência de Deus e a correria do mundo *
[* Texto original do dia 26 de julho de 2010]
Tudo no
mundo hoje requer velocidade, agilidade e instantaneidade. Internet
lenta não serve. Trânsito lento irrita. Ninguém caminha mais nos grandes
centros admirando os prédios, os rios que cortam uma cidade ou os
passarinhos que voam. Por quê? Porque ninguém tem mais tempo.
E por que ninguém
tem mais tempo? Porque a rotina de hoje é assim. Você quer que o dia do
pagamento chegue logo. Deseja que acabe o mais rápido possível aquela
palestra chata sobre um assunto que não compete a você. É aquela coisa:
tudo quem que ser para ontem.
Ou algum pai de
família brasileiro tira tempo para ir a um parque em pleno horário de
trabalho? Será que existe algum trabalhador, que pega de segunda a
sábado, durante 9h por dia, que se atreva a dizer “só vou dormir mais
meia hora” algum dia, sem temer uma inevitável demissão?
Pois bem. Essa é a
correria dos dias de hoje. Por causa disso, o desejo é que tudo saia o
mais rápido possível sempre, e, por influência dessa ideologia de vida
instantânea, a efervescente velocidade das coisas e dos fatos acaba
exigindo a mesma rapidez no agir de Deus. “Senhor, eu quero já”, ordena
um apressado. “Deus, seja rápido para me atender”, determina o agoniado.
Para piorar esse
quadro, o que mais se vê na mídia e nos cultos cristãos são as
exigências imediatas de um povo cada vez mais ansioso por posses, bens,
bênçãos e direitos. Pede-se muito, e pede-se para já. Poucos levam em
consideração o tão falado “tempo de Deus”. Eclesiastes 3 só serve para
leitura, mas não para a prática.
Mas com Deus é diferente. Sua estratégia de tempo é diferente. Deus lida com o kronos e com o kairós. Seu relógio é pontual, sem atrasos e sem avanços. É como a manteiga no fogo: só se derrete na hora, não adianta mexer.
Em tempos de
correria, de fast-food, de instantaneidade, deve ser considerado que
Deus é atemporal e não depende do nosso cronograma apressado. Afinal, um
dia do nosso calendário – com todos os seus males, atribulações,
desafios e afazeres – pode ser tornar mil anos para Ele. Da mesma forma,
mil anos para Deus – tempo suficiente para se criar uma geleira,
desaparecer uma cidade ou passar um cometa raro – pode virar um dia em
Suas mãos. Ou alguém duvida disso?
Então, nada como
esperar na paciência e na provisão do Deus que controla e muda os tempos
(Dn 2.21), em cujas mãos estão os tempos (Sl 31.15) e que exalta os que
estão debaixo delas no tempo certo (I PE 5.6).
Nenhum comentário:
Postar um comentário