EUA não têm mais maioria protestante
Julio
Severo
Pela primeira vez em sua história,
os Estados Unidos não têm mais uma maioria protestante, de acordo com um estudo
recente.
Essa foi uma das principais
manchetes da mídia americana nesta semana.
Igreja Reformada Collegiate sob a sombra do Edifício Empire State |
Essa é a primeira vez que o Fórum
Pew sobre Religião & Vida Pública registrou com segurança que o número de
protestantes caiu para baixo de 50 por cento.
Essa queda já era há muito tempo
esperada e chega numa época em que o Supremo Tribunal dos EUA não tem nenhum juiz
protestante, e quando o Partido Republicano, cujos líderes são historicamente
protestantes, tem um candidato a presidente e vice-presidente que não são
protestantes.
Entre os motivos para a mudança está
que as grandes denominações protestantes tradicionais, abraçadas a um
liberalismo agressivo que tem produzido pastores presbiterianos, luteranos e
anglicanos gays, tem afastado membros mais conservadores, que buscam
alternativas, inclusive nas igrejas não-denominacionais, que são
majoritariamente carismáticas e neopentecostais.
As igrejas mais carismáticas são
mais conservadoras, mais fechadas à ordenação de pastores gays e mais abertas
ao Espírito Santo e seus dons, enquanto as grandes denominações protestantes tradicionais
dos EUA são geralmente o exato oposto: são mais progressistas, mais abertas à ordenação
de pastores gays e mais fechadas ao Espírito Santo e seus dons.
Mas nem todos estão optando pelas
igrejas não-denominacionais. Um grande número de membros simplesmente abandona
as igrejas protestantes tradicionais e fica sem religião. O número desses
americanos que não quer nenhuma religião está agora em 20 por cento.
De acordo com reportagem
recente da revista Veja, “43% dos
evangélicos no final da adolescência e jovens adultos deixaram a igreja
tradicional [presbiteriana, luterana, batista, etc.] para seguirem crenças mais
liberais.”
Mayflower trouxe os primeiros colonos protestantes para os EUA |
Essa tendência tem implicações
políticas, inclusive para o futuro dos EUA.
Os eleitores americanos que se
descrevem como não tendo religião votam esmagadoramente em políticos
esquerdistas, que já contavam com um apoio considerável dos eleitores
protestantes progressistas.
O Pew revelou que os americanos que
não têm religião apoiam o aborto e o “casamento” gay numa taxa muito mais
elevada do que os protestantes progressistas.
Os evangélicos progressistas sempre
foram um importante eleitorado do Partido Democrático, de linha agressivamente esquerdista.
Mas agora os americanos sem religião demonstram ser eleitores mais sólidos para
esse partido.
Os evangélicos conservadores, compostos
em grande parte por carismáticos, pentecostais e neopentecostais, preferem o
Partido Republicano, que tem metas políticas relativamente menos progressivas,
mas está cada vez menos conservador e está sob menos influência evangélica.
Pela primeira vez na história do
Partido Republicano, o candidato a presidente, Mitt Romney, é um homem pertencente
ao mormonismo, uma seita não cristã.
O eleitor cristão conservador se
depara com um dilema cruel na escolha dos candidatos na disputa presidencial de
2012: um mórmon de intenções duvidosas ou um evangélico progressista que não
deixa dúvida alguma com relação à sua intenção já muito bem conhecida de impor
a agenda gay no mundo inteiro, com a poderosa máquina do governo americano.
Romney pode ser menos agressivo,
mas seu histórico político é também progressista. O primeiro estado americano a
legalizar o “casamento” gay foi Massachusetts, sob o governo de Romney.
Assim, a disputa de 2012 é entre
um mórmon progressista com um evangélico doidamente progressista.
O avanço conservador moral decisivo
hoje na sociedade e política americana vem sendo feito majoritariamente por
carismáticos e neopentecostais, mas eles não têm ainda os números e poder
social e político que as igrejas protestantes tradicionais tinham até
recentemente. Pelo contrário, o conservadorismo carismático enfrenta
resistências da esquerda americana, seja de igrejas históricas que adotaram o
liberalismo ou da própria mídia pró-aborto e pró-“casamento” gay.
“Os líderes carismáticos que dão um
passo para dentro das disputas políticas são normalmente atacados pela esquerda
e pelos grandes meios de comunicação no momento em que eles são percebidos como
eficazes ou influentes”, o Dr. John
Stemberger disse num artigo da revista Charisma.
“A esquerda tem transformado numa forma de arte virtual a demonização de
qualquer líder [cristão carismático] famoso que assuma uma postura a favor dos
valores cristãos”.
O que está acontecendo nos EUA,
onde as grandes igrejas protestantes estão se inclinando pesadamente para a
esquerda, não é diferente do que está acontecendo no Brasil, onde a igreja
cristã predominante, a Igreja Católica, tem majoritariamente seguido a marxista
Teologia da Libertação e cuja CNBB teve papel fundamental na fundação do PT.
A contaminação
progressista tem feito nas igrejas protestantes históricas dos EUA o que
tem feito na Igreja Católica sob domínio da CNBB no Brasil: o enfraquecimento
do conservadorismo que defende a família natural contra o totalitarismo
esquerdista.
O que poderia salvar os evangélicos
dos EUA de um destino catastrófico é uma volta, entre as grandes denominações
protestantes, ao exemplo de Anthony
Comstock, um evangélico americano do século XIX considerado campeão na luta
contra a pornografia, a contracepção e o aborto.
Com informações do DailyMail e
Associated Press.
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