Congresso Internacional da Teologia da Missão Integral e a IPB
A IPB deveria ser omissa com seus líderes que promovem o liberalismo teológico?
Julio Severo
Sob a coordenação do Rev. Jorge Henrique Barro, será realizado
o Congresso Internacional de Missão Integral, de 8 a 10 de agosto de
2014, na Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina no Paraná.
De
forma diferente do que vem ocorrendo nos últimos meses, em que grandes
congressos da Teologia da Missão Integral destacam um dos seus mais
proeminentes “apóstolos” nacionais, o evento internacional trará um dos
dinossauros dessa teologia liberal: o Rev. C. René Padilla.
Padilla,
que foi um dos pioneiros da Teologia da Missão Integral (TMI) na
América Latina, enfrentou oposição logo no início, na década de 1960,
quando sua teologia foi identificada como o que é: marxista.
Dois
dos proeminentes apóstolos da TMI no Brasil, Ed Rene Kivitz e Ricardo
Gondim, reconhecem que os esforços de TMI de Padilla e outros no
Congresso Lausanne de Evangelização Mundial e no Congresso
Latino-Americano de Evangelização foram obstruídos por Peter Wagner e
outros.
De acordo com meu livro “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade”:
Gondim
também se queixa repetidamente de que a Teologia da Missão Integral
teve seu avanço detido por conservadores no Congresso Lausanne de
Evangelização Mundial (Manila, 1989). Ed Rene Kivitz, companheiro
teológico de Gondim, já havia apontado Peter Wagner como líder da
oposição conservadora. A atuação de Wagner, hoje líder do movimento
apostólico mundial, exemplifica o potencial neopentecostal para deter o
avanço esquerdista nas igrejas. Na dissertação de Gondim (p. 53), o erro
de Wagner era “propor guerra espiritual como solução para os problemas
sociais” — uma solução tipicamente neopentecostal, em contraste com a
solução esquerdista de revoluções políticas.
Ecoando
queixa do Rev. Luiz Longuini, da IPB, Gondim afirma que Peter Wagner já
vinha frustrando os progressistas há anos. Em 1969, ao participar do
CLADE (Congresso Latino-Americano de Evangelização), Wagner distribuiu
seu livro que afirmava que a missão da igreja é priorizar a salvação
pessoal e destacava a teologia esquerdista como perniciosa (p. 105).
A
salvação, em seu termo original, inclui o resgate espiritual e também
emocional e físico. Os progressistas interpretam essa amplitude da
salvação como pretexto para intervenções políticas, como se o Reino de
Deus fosse apenas “comida, bebida” (Romanos 14:17) e assistência social
do governo. Em contraste, Wagner interpretava que a igreja deve pregar e
demonstrar o Evangelho do Reino de Deus, inclusive utilizando a
autoridade de Jesus para curar enfermos e expulsar demônios. É uma
demonstração em sintonia com os milagres que seguem os que creem (Marcos
16:16). Mas a demonstração do evangelho, para os progressistas, se
limita apenas à ação social muitas vezes em parceria com políticas e
governos socialistas. Nada mais.
Qualquer
rejeição a esse tipo de ação social como intrinsecamente unido ao
Evangelho recebe o rótulo de “fundamentalismo”. Na dissertação de
Gondim, nem Billy Graham escapa desse rótulo, porque o mais famoso
evangelista do mundo se recusava a dar apoio e dinheiro para os grupos
evangélicos progressistas da América Latina. A recusa de Graham lhe deu
uma imagem negativa entre os adeptos da Teologia da Missão Integral. Em
contraste, Gondim não poupa elogios à Teologia da Libertação e ao
Evangelho Social dos EUA e reconhece que o maior obstáculo para o avanço
da Teologia da Missão Integral foi “um fenômeno religioso com grande
apelo popular, o neopentecostalismo” (p. 135).
De
acordo com apuração do meu livro, simultaneamente a promoção da TMI e o
combate ao neopentecostalismo tem origem principal entre setores
calvinistas radicais. Esse grave problema foi detalhadamente
identificado em meu artigo recente “A maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil.”
Jorge Henrique Barro, pastor da IPB |
Barro é autor do livro “Uma igreja sem propósitos,” que, segundo o GospelMais, recebeu elogios de Ricardo Gondim e Júlio Paulo Tavarez Zabatiero.
Gondim é antigo “apóstolo” da TMI e se tornou tão radical que perdeu sua posição de colunista na revista esquerdista Ultimato.
Ele se tornou avançado demais, com seu apoio ao “casamento” gay, para
seus companheiros de caminhada esquerdista. Zabatiero é companheiro de
Padilla e ligado à Fraternidade Teológica Latino-Americana.
Zabatiero
é muitas vezes identificado erroneamente como defensor da TMI, mas suas
ligações reais são com a tropa de choque da marxista Teologia da
Libertação. Em 1996, ele publicou seu livro “Miquéias: voz dos
sem-terra,” lançado conjuntamente pela Editora Vozes e pela Editora
Sinodal.
A
Editora Vozes, que é católica, já teve, de 1970 a 1985, Leonardo Boff
como membro do conselho editorial. No período, Boff publicou obras da
Teologia da Libertação e seus próprios livros sobre essa teologia
marxista saíram pela Vozes. Hoje, Boff é professor visitante de Harvard,
que outrora era uma universidade que formava pastores calvinistas, e
agora promove a Teologia da Libertação e muitas outras apostasias.
(Suspeito que se Harvard tivesse sido originalmente neopentecostal, a
esquerda apologética calvinista não perderia a oportunidade de usar esse
detalhe em seu arsenal antineopentecostal.)
A
Editora Sinodal pertence à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no
Brasil (IECLB), denominação liberal que tem laços estreitos com o
Conselho Mundial de Igrejas. A Sinodal publica vários livros sobre a
Teologia da Libertação, inclusive “Perspectivas da teologia da
libertação: impasses e novos rumos num contexto de globalização,” cujo
autor é Walter Altmann, que já foi presidente da IECLB e é hoje
moderador do Conselho Mundial de Igrejas.
Pelo
menos, diferente de muitos líderes que abraçam a TMI fingindo que é
melhor do que a Teologia da Libertação, Altmann abraça a raiz do mal,
conforme denunciou o Dr. Mark Tookey em seu artigo “Ressuscitando a Teologia da Libertação.”
Como líder luterano ecumênico internacional, Altmann não tem medo de
promover abertamente a Teologia da Libertação. Os mais medrosos, ou
cínicos ou cegos, promovem a TMI.
A Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) tem laços estreitos com a liberal IECLB. Dois anos atrás, a FTL realizou,
no acampamento da Mocidade para Cristo nos arredores de Belo Horizonte,
um encontro nacional com 100 participantes. O encontro teve palestrantesde
longa caminhada na FTL, como Ariovaldo Ramos, Julio Zabatiero, Ricardo
Barbosa e Jorge Henrique Barro, todos presbiterianos, com exceção de
Ariovaldo, que, embora não seja presbiteriano declarado, tem uma
história muito ligada a eles.
Ariovaldo e sua TMI têm tido portas abertas em grandes igrejas da IPB,
inclusive dando aulas, desde a gestão do chanceler Augustus Nicodemus,
na sua maior instituição, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, talvez
porque seu maior mentor e pai espiritual tivesse sido Caio Fábio, nos
tempos em que ele era a maior estrela da IPB.
Ariovaldo Ramos no Mackenzie |
Caio
deixou como seu sucessor Ariovaldo, seu “filho” quase presbiteriano. Na
teoria, Ariovaldo tem semelhante discurso meloso de ajuda aos pobres.
Na prática, esforços de aliança com a esquerda, sempre apoiando Lula,
Dilma Rousseff e Hugo Chávez, chegando ao ponto absurdo de dizer que porque o ditador venezuelano passou por aqui, o mundo ficou melhor.
A
teoria e prática da TMI, como exemplificada por Ariovaldo, é uma versão
mal disfarçada da maligna Teologia da Libertação de Walter Altmann e
outros.
É
cercado de pastores da IPB dedicados à TMI, inclusive o Rev. Luiz
Longuini, que o Rev. Jorge Henrique Barro faz exatamente o que eles
fazem. A promoção da TMI na IPB tem ocorrido há décadas, conforme
denuncia meu livro “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade.”
Já na década de 1950, um missionário presbiteriano americano, que dava
aulas de teologia no maior seminário teológico da IPB, infectou toda uma
geração de pastores presbiterianos. Eventualmente, ele foi removido de
suas funções, depois de ter passado quase uma década inteira
contaminando estudantes de teologia (que depois se tornaram pastores e
teólogos presbiterianos) com a TMI. Tudo isso e muito mais está
registrado no meu livro.
Há também o caso escandaloso da Ultimato,
revista da linha da TMI há décadas promovida entre igrejas da IPB como
forma de combater o neopentecostalismo — e ao mesmo tempo avançar a
ideologia da TMI.
O
questionamento natural é: se a TMI tem um histórico tão antigo e
profundo na IPB, por que a IPB não assume sua responsabilidade moral
nesse grave problema nacional e adota medidas vigorosas para extirpar o
câncer desse liberalismo teológico de seu meio?
É
tão difícil assim para a IPB ver o futuro de uma igreja embriagada de
TMI? Para alegria parcial dos calvinistas cessacionistas, não é preciso
ter grandes dons de profecia para enxergar o futuro de uma igreja que se
prostitui com liberalismo e esquerdismo. A maior denominação
presbiteriana (PCUSA) do mundo, depois de décadas se embriagando de
esquerdismo e liberalismo, hoje ordena pastores gays, promove o
‘casamento’ gay, apoia o aborto e faz boicotes contra Israel. Virou uma
grande prostituta.
Já
que o liberalismo teológico é um problema grave nos meios
presbiterianos, por que a IPB não adota a vanguarda da luta contra a
TMI? Afinal, muitos teólogos e pastores da IPB têm adotado uma vanguarda contra o neopentecostalismo,
sendo que esse movimento é considerado, por todos os “apóstolos” da
TMI, com o principal obstáculo para o grave liberalismo teológico que a
TMI representa.
Tudo
o que o meio calvinista tem conseguido esboçar contra a TMI são arrotos
vagos. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, que é a coroa da IPB,
tenta aparentar um conservadorismo e contrariedade ao liberalismo
teológico, mas na prática, seu espaço está muito bem ocupado pela TMI,
conforme denúncias públicas:
Outros
calvinistas, amigos do Mackenzie, não conseguem se sair melhor na
“luta” contra a TMI. Recentemente, Renato Vargens, que é pastor
calvinista no reduto calvinista de Niterói, “criticou” a TMI, sem dar
nomes a nenhum dos bois e vacas. O título de seu ataque é: “Uma pequena nota sobre a Teologia da Missão Integral.”
Ora, uma nota já é pequena. Adicionar “pequena” só reduz o que já é
pequeno. Para quem, como Vargens, tem o hábito (sempre em textos, nunca
em notinhas) de criticar, condenar e atacar de forma sistemática e
regular o neopentecostalismo, sua notinha mostra que se a TMI é um
grande câncer de liberalismo teológico entre calvinistas, ele usará uma
aspirina para fazer o “combate”! É só usará uma ou duas vezes!
Já
no caso do neopentecostalismo, que é visto pelas esquerdas seculares e
evangélicas como a principal resistência à expansão das metas
socialistas na sociedade brasileira, nada de ataque de aspirina. O
ataque tem de ser com ferro e fogo, todo dia, toda semana, todo ano.
Só
citei Vargens porque ele é considerado referência teológica
indiscutível entre certos teólogos da IPB, inclusive Augustus Nicodemus.
Mas
a maior referência teológica da IPB ainda está para nascer: será um
homem que ataque o liberalismo teológico da TMI com ferro e fogo, todo
dia, toda semana, todo ano. Será um homem de coragem que exortará as
igrejas da IPB a cancelarem suas assinaturas coletivas da Ultimato e, em vez disso, usarem suas escolas dominicais para desfazerem décadas de lavagem cerebral da TMI.
Corajoso
não é o teólogo que incha o peito para atacar os costumes do vizinho
(no caso, o neopentecostalismo dos neopentecostais). Corajoso é o pastor
da IPB que, dentro de seu próprio quintal, chega até Longuini, Barro e
outros reverendos e diz: “Por que você está promovendo o liberalismo
teológico da TMI no nosso meio? Você não sabe que isso é pecado? Você
não vê que a maior denominação presbiteriana (PCUSA) do mundo, depois de
se tornar amante do esquerdismo, agora ordena pastores gays, promove o
‘casamento’ gay, apoia o aborto e faz boicotes contra Israel? Abraçar o
esquerdismo dentro da igreja é abraçar a apostasia. Tire isso do seu
meio ou saia do nosso meio!”
O problema da infiltração esquerdista nos meios presbiterianos é antigo.
De
acordo com um amigo presbiteriano, antes de 1964 a biblioteca do
Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, se tornara praticamente um
centro de documentação marxista. Quando veio a revolução anticomunista,
um policial que era presbiteriano foi correndo ao seminário para
avisá-los de que o exército estava a caminho. Houve então uma correria
tremenda de alunos e professores jogando os livros marxistas no rio
Capibaribe, que corre em frente ao seminário, e assim se safaram de
alguma medida de repressão dos militares.
Meu
amigo diz que em 1962 ele participou de um seminário de evangélico
marxistas ocorrido no Colégio Presbiteriano Agnes Erskine em Recife. O
seminário foi conduzido por comunistas (tanto presbiterianos quanto não
evangélicos). O diretor do colégio, que foi o primeiro brasileiro
a ocupar tal posição, fora professor do Colégio Presbiteriano Quinze de
Novembro, cujo irmão era líder comunista.
Quando
ocorreu a Revolução de 1964, uma filha desse professor se auto exilou
em Genebra, a capital mundial do calvinismo, onde encontrou um ambiente
claramente marxista entre os calvinistas suíços e todo um grupo de
evangélicos marxistas vindos do Brasil e de outros países
latino-americanos para se refugiarem. De acordo com meu amigo
presbiteriano, durante o governo militar do Brasil Genebra tornara-se um
grande centro de evangélicos marxistas.
A ameaça marxista continua presente, nos mesmos meios, embora mais sutil e cínica, conforme denunciei no meu artigo: “A maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil.”
Os
teólogos da IPB precisam parar de combater o liberalismo teológico com
aspirina e lencinho, pois o problema é grave e merece muito mais do que
notinhas. Depois de ser embalada durante décadas na IPB, a TMI está se
espalhando no Brasil inteiro, conforme as denúncias dos últimos meses:
É
hora da IPB colocar a aspirina e o lencinho de lado e armar-se de
canhão de cano grosso para combater o liberalismo teológico com ferro e
fogo, todo dia, toda semana, todo ano.
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