sábado, 5 de abril de 2014

Congresso Internacional da Teologia da Missão Integral e a IPB

A IPB deveria ser omissa com seus líderes que promovem o liberalismo teológico?

Julio Severo
Sob a coordenação do Rev. Jorge Henrique Barro, será realizado o Congresso Internacional de Missão Integral, de 8 a 10 de agosto de 2014, na Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina no Paraná.
De forma diferente do que vem ocorrendo nos últimos meses, em que grandes congressos da Teologia da Missão Integral destacam um dos seus mais proeminentes “apóstolos” nacionais, o evento internacional trará um dos dinossauros dessa teologia liberal: o Rev. C. René Padilla.
Padilla, que foi um dos pioneiros da Teologia da Missão Integral (TMI) na América Latina, enfrentou oposição logo no início, na década de 1960, quando sua teologia foi identificada como o que é: marxista.
Dois dos proeminentes apóstolos da TMI no Brasil, Ed Rene Kivitz e Ricardo Gondim, reconhecem que os esforços de TMI de Padilla e outros no Congresso Lausanne de Evangelização Mundial e no Congresso Latino-Americano de Evangelização foram obstruídos por Peter Wagner e outros.
Gondim também se queixa repetidamente de que a Teologia da Missão Integral teve seu avanço detido por conservadores no Congresso Lausanne de Evangelização Mundial (Manila, 1989). Ed Rene Kivitz, companheiro teológico de Gondim, já havia apontado Peter Wagner como líder da oposição conservadora. A atuação de Wagner, hoje líder do movimento apostólico mundial, exemplifica o potencial neopentecostal para deter o avanço esquerdista nas igrejas. Na dissertação de Gondim (p. 53), o erro de Wagner era “propor guerra espiritual como solução para os problemas sociais” — uma solução tipicamente neopentecostal, em contraste com a solução esquerdista de revoluções políticas.
Ecoando queixa do Rev. Luiz Longuini, da IPB, Gondim afirma que Peter Wagner já vinha frustrando os progressistas há anos. Em 1969, ao participar do CLADE (Congresso Latino-Americano de Evangelização), Wagner distribuiu seu livro que afirmava que a missão da igreja é priorizar a salvação pessoal e destacava a teologia esquerdista como perniciosa (p. 105).
A salvação, em seu termo original, inclui o resgate espiritual e também emocional e físico. Os progressistas interpretam essa amplitude da salvação como pretexto para intervenções políticas, como se o Reino de Deus fosse apenas “comida, bebida” (Romanos 14:17) e assistência social do governo. Em contraste, Wagner interpretava que a igreja deve pregar e demonstrar o Evangelho do Reino de Deus, inclusive utilizando a autoridade de Jesus para curar enfermos e expulsar demônios. É uma demonstração em sintonia com os milagres que seguem os que creem (Marcos 16:16). Mas a demonstração do evangelho, para os progressistas, se limita apenas à ação social muitas vezes em parceria com políticas e governos socialistas. Nada mais.
Qualquer rejeição a esse tipo de ação social como intrinsecamente unido ao Evangelho recebe o rótulo de “fundamentalismo”. Na dissertação de Gondim, nem Billy Graham escapa desse rótulo, porque o mais famoso evangelista do mundo se recusava a dar apoio e dinheiro para os grupos evangélicos progressistas da América Latina. A recusa de Graham lhe deu uma imagem negativa entre os adeptos da Teologia da Missão Integral. Em contraste, Gondim não poupa elogios à Teologia da Libertação e ao Evangelho Social dos EUA e reconhece que o maior obstáculo para o avanço da Teologia da Missão Integral foi “um fenômeno religioso com grande apelo popular, o neopentecostalismo” (p. 135).
De acordo com apuração do meu livro, simultaneamente a promoção da TMI e o combate ao neopentecostalismo tem origem principal entre setores calvinistas radicais. Esse grave problema foi detalhadamente identificado em meu artigo recente “A maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil.”
Jorge Henrique Barro, pastor da IPB
O Rev. Jorge Henrique Barro, pastor da IPB (Igreja Presbiteriana do Brasil) e principal responsável pelo Congresso Internacional de Missão Integral, é vice-presidente da Fraternidade Teológica Latino Americana, onde Padilla e sua teologia marxista têm enorme influência. Além disso, Barro é um dos fundadores da Faculdade Teológica Sul Americana de Londrina, onde será realizado o Congresso Internacional de Missão Integral.
Barro é autor do livro “Uma igreja sem propósitos,” que, segundo o GospelMais, recebeu elogios de Ricardo Gondim e Júlio Paulo Tavarez Zabatiero.
Gondim é antigo “apóstolo” da TMI e se tornou tão radical que perdeu sua posição de colunista na revista esquerdista Ultimato. Ele se tornou avançado demais, com seu apoio ao “casamento” gay, para seus companheiros de caminhada esquerdista. Zabatiero é companheiro de Padilla e ligado à Fraternidade Teológica Latino-Americana.
Zabatiero é muitas vezes identificado erroneamente como defensor da TMI, mas suas ligações reais são com a tropa de choque da marxista Teologia da Libertação. Em 1996, ele publicou seu livro “Miquéias: voz dos sem-terra,” lançado conjuntamente pela Editora Vozes e pela Editora Sinodal.
A Editora Vozes, que é católica, já teve, de 1970 a 1985, Leonardo Boff como membro do conselho editorial. No período, Boff publicou obras da Teologia da Libertação e seus próprios livros sobre essa teologia marxista saíram pela Vozes. Hoje, Boff é professor visitante de Harvard, que outrora era uma universidade que formava pastores calvinistas, e agora promove a Teologia da Libertação e muitas outras apostasias. (Suspeito que se Harvard tivesse sido originalmente neopentecostal, a esquerda apologética calvinista não perderia a oportunidade de usar esse detalhe em seu arsenal antineopentecostal.)
A Editora Sinodal pertence à Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), denominação liberal que tem laços estreitos com o Conselho Mundial de Igrejas. A Sinodal publica vários livros sobre a Teologia da Libertação, inclusive “Perspectivas da teologia da libertação: impasses e novos rumos num contexto de globalização,” cujo autor é Walter Altmann, que já foi presidente da IECLB e é hoje moderador do Conselho Mundial de Igrejas.
Pelo menos, diferente de muitos líderes que abraçam a TMI fingindo que é melhor do que a Teologia da Libertação, Altmann abraça a raiz do mal, conforme denunciou o Dr. Mark Tookey em seu artigo “Ressuscitando a Teologia da Libertação.” Como líder luterano ecumênico internacional, Altmann não tem medo de promover abertamente a Teologia da Libertação. Os mais medrosos, ou cínicos ou cegos, promovem a TMI.
A Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL) tem laços estreitos com a liberal IECLB. Dois anos atrás, a FTL realizou, no acampamento da Mocidade para Cristo nos arredores de Belo Horizonte, um encontro nacional com 100 participantes. O encontro teve palestrantesde longa caminhada na FTL, como Ariovaldo Ramos, Julio Zabatiero, Ricardo Barbosa e Jorge Henrique Barro, todos presbiterianos, com exceção de Ariovaldo, que, embora não seja presbiteriano declarado, tem uma história muito ligada a eles.
Ariovaldo e sua TMI têm tido portas abertas em grandes igrejas da IPB, inclusive dando aulas, desde a gestão do chanceler Augustus Nicodemus, na sua maior instituição, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, talvez porque seu maior mentor e pai espiritual tivesse sido Caio Fábio, nos tempos em que ele era a maior estrela da IPB.
Ariovaldo Ramos no Mackenzie
Caio era o maior propagador da ideologia da TMI, na sua teoria e prática, dentro e fora da IPB. Na teoria: uma pregação matreira a favor dos pobres. Na prática: aproximação dos evangélicos de Lula e seu esquerdismo mediante o discurso de ajuda aos pobres. Resultado: Brasil evangélico embarcado no furacão socialista.
Caio deixou como seu sucessor Ariovaldo, seu “filho” quase presbiteriano. Na teoria, Ariovaldo tem semelhante discurso meloso de ajuda aos pobres. Na prática, esforços de aliança com a esquerda, sempre apoiando Lula, Dilma Rousseff e Hugo Chávez, chegando ao ponto absurdo de dizer que porque o ditador venezuelano passou por aqui, o mundo ficou melhor.
A teoria e prática da TMI, como exemplificada por Ariovaldo, é uma versão mal disfarçada da maligna Teologia da Libertação de Walter Altmann e outros.
É cercado de pastores da IPB dedicados à TMI, inclusive o Rev. Luiz Longuini, que o Rev. Jorge Henrique Barro faz exatamente o que eles fazem. A promoção da TMI na IPB tem ocorrido há décadas, conforme denuncia meu livro “Teologia da Libertação X Teologia da Prosperidade.” Já na década de 1950, um missionário presbiteriano americano, que dava aulas de teologia no maior seminário teológico da IPB, infectou toda uma geração de pastores presbiterianos. Eventualmente, ele foi removido de suas funções, depois de ter passado quase uma década inteira contaminando estudantes de teologia (que depois se tornaram pastores e teólogos presbiterianos) com a TMI. Tudo isso e muito mais está registrado no meu livro.
Há também o caso escandaloso da Ultimato, revista da linha da TMI há décadas promovida entre igrejas da IPB como forma de combater o neopentecostalismo — e ao mesmo tempo avançar a ideologia da TMI.
O questionamento natural é: se a TMI tem um histórico tão antigo e profundo na IPB, por que a IPB não assume sua responsabilidade moral nesse grave problema nacional e adota medidas vigorosas para extirpar o câncer desse liberalismo teológico de seu meio?
É tão difícil assim para a IPB ver o futuro de uma igreja embriagada de TMI? Para alegria parcial dos calvinistas cessacionistas, não é preciso ter grandes dons de profecia para enxergar o futuro de uma igreja que se prostitui com liberalismo e esquerdismo. A maior denominação presbiteriana (PCUSA) do mundo, depois de décadas se embriagando de esquerdismo e liberalismo, hoje ordena pastores gays, promove o ‘casamento’ gay, apoia o aborto e faz boicotes contra Israel. Virou uma grande prostituta.
Já que o liberalismo teológico é um problema grave nos meios presbiterianos, por que a IPB não adota a vanguarda da luta contra a TMI? Afinal, muitos teólogos e pastores da IPB têm adotado uma vanguarda contra o neopentecostalismo, sendo que esse movimento é considerado, por todos os “apóstolos” da TMI, com o principal obstáculo para o grave liberalismo teológico que a TMI representa.
Tudo o que o meio calvinista tem conseguido esboçar contra a TMI são arrotos vagos. A Universidade Presbiteriana Mackenzie, que é a coroa da IPB, tenta aparentar um conservadorismo e contrariedade ao liberalismo teológico, mas na prática, seu espaço está muito bem ocupado pela TMI, conforme denúncias públicas:
Outros calvinistas, amigos do Mackenzie, não conseguem se sair melhor na “luta” contra a TMI. Recentemente, Renato Vargens, que é pastor calvinista no reduto calvinista de Niterói, “criticou” a TMI, sem dar nomes a nenhum dos bois e vacas. O título de seu ataque é: “Uma pequena nota sobre a Teologia da Missão Integral.” Ora, uma nota já é pequena. Adicionar “pequena” só reduz o que já é pequeno. Para quem, como Vargens, tem o hábito (sempre em textos, nunca em notinhas) de criticar, condenar e atacar de forma sistemática e regular o neopentecostalismo, sua notinha mostra que se a TMI é um grande câncer de liberalismo teológico entre calvinistas, ele usará uma aspirina para fazer o “combate”! É só usará uma ou duas vezes!
Já no caso do neopentecostalismo, que é visto pelas esquerdas seculares e evangélicas como a principal resistência à expansão das metas socialistas na sociedade brasileira, nada de ataque de aspirina. O ataque tem de ser com ferro e fogo, todo dia, toda semana, todo ano.
Só citei Vargens porque ele é considerado referência teológica indiscutível entre certos teólogos da IPB, inclusive Augustus Nicodemus.
Mas a maior referência teológica da IPB ainda está para nascer: será um homem que ataque o liberalismo teológico da TMI com ferro e fogo, todo dia, toda semana, todo ano. Será um homem de coragem que exortará as igrejas da IPB a cancelarem suas assinaturas coletivas da Ultimato e, em vez disso, usarem suas escolas dominicais para desfazerem décadas de lavagem cerebral da TMI.
Corajoso não é o teólogo que incha o peito para atacar os costumes do vizinho (no caso, o neopentecostalismo dos neopentecostais). Corajoso é o pastor da IPB que, dentro de seu próprio quintal, chega até Longuini, Barro e outros reverendos e diz: “Por que você está promovendo o liberalismo teológico da TMI no nosso meio? Você não sabe que isso é pecado? Você não vê que a maior denominação presbiteriana (PCUSA) do mundo, depois de se tornar amante do esquerdismo, agora ordena pastores gays, promove o ‘casamento’ gay, apoia o aborto e faz boicotes contra Israel? Abraçar o esquerdismo dentro da igreja é abraçar a apostasia. Tire isso do seu meio ou saia do nosso meio!”
O problema da infiltração esquerdista nos meios presbiterianos é antigo.
De acordo com um amigo presbiteriano, antes de 1964 a biblioteca do Seminário Presbiteriano do Norte, em Recife, se tornara praticamente um centro de documentação marxista. Quando veio a revolução anticomunista, um policial que era presbiteriano foi correndo ao seminário para avisá-los de que o exército estava a caminho. Houve então uma correria tremenda de alunos e professores jogando os livros marxistas no rio Capibaribe, que corre em frente ao seminário, e assim se safaram de alguma medida de repressão dos militares.
Meu amigo diz que em 1962 ele participou de um seminário de evangélico marxistas ocorrido no Colégio Presbiteriano Agnes Erskine em Recife. O seminário foi conduzido por comunistas (tanto presbiterianos quanto não evangélicos). O diretor do colégio, que foi o primeiro brasileiro a ocupar tal posição, fora professor do Colégio Presbiteriano Quinze de Novembro, cujo irmão era líder comunista.
Quando ocorreu a Revolução de 1964, uma filha desse professor se auto exilou em Genebra, a capital mundial do calvinismo, onde encontrou um ambiente claramente marxista entre os calvinistas suíços e todo um grupo de evangélicos marxistas vindos do Brasil e de outros países latino-americanos para se refugiarem. De acordo com meu amigo presbiteriano, durante o governo militar do Brasil Genebra tornara-se um grande centro de evangélicos marxistas.
A ameaça marxista continua presente, nos mesmos meios, embora mais sutil e cínica, conforme denunciei no meu artigo: “A maior ameaça à Igreja Evangélica do Brasil.”
 Os teólogos da IPB precisam parar de combater o liberalismo teológico com aspirina e lencinho, pois o problema é grave e merece muito mais do que notinhas. Depois de ser embalada durante décadas na IPB, a TMI está se espalhando no Brasil inteiro, conforme as denúncias dos últimos meses:
É hora da IPB colocar a aspirina e o lencinho de lado e armar-se de canhão de cano grosso para combater o liberalismo teológico com ferro e fogo, todo dia, toda semana, todo ano.

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