Pra que serve a Bancada Evangélica?
Thiago Cortês
“O
governo ideal de qualquer homem dado à reflexão, de Aristóteles em
diante, é aquele que deixe o indivíduo em paz — um governo que passe
quase desapercebido” – H.L. Mecken.
A
Lei da Palmada pouca ou nada tem a ver com palmadas. Ou com os direitos
das crianças. Ou com educar pais estúpidos. Ou com a paquita velha
Xuxa. Ou com o menino Bernardo.
Ela
tem mais a ver com a heresia dos que pretendem substituir Deus pelo
Estado, nossa consciência pela legislação, nossas referências morais por
burocratas arrogantes.
Somos
humilhados, subestimados, roubados, vilipendiados, reduzidos a
pagadores de impostos, tratados como bestas de cargas e idiotizados, dia
após dia, por um Estado que pretende ser nosso pai, nossa mãe, nossa
religião e, no limite, “nosso” deus.
A
Lei da Palmada é mais um instrumento nas mãos daqueles que desejam
bisbilhotar nossa privacidade, controlar nossas famílias, “corrigir”
nossos hábitos e destruir a confiança que temos na nossa bússola moral
interior que nos foi concedida pelo próprio Deus.
Querem
substituir nossa bússola moral pelas leis dos homenzinhos que sonham
com um Estado babélico que atinja as esferas divinas, impondo-se como
Guia Moral Absoluto.
Aliados
Os
babélicos de Brasília estão construindo, lei após lei, mentira depois
de mentira, tragédia em cima de tragédia, o seu gigantesco Estado
babélico. Uma vez que ele esteja erguido, qual um Guia Moral Absoluto,
nenhum reles mortal aqui embaixo achará errado ou contraditório que a
proibição das palmadas venha acompanhada da legalização do aborto.
Mas
que ninguém se engane! O Estado babélico é obra feita em parceria. Nos
momentos em que alguns cristãos, aqui embaixo, ameaçam derrubar o ídolo
dos babélicos, ocorre uma rápida e engenhosa operação de apaziguamento
por parte da Bancada Evangélica.
Os
membros da Bancada Evangélica passam o tempo inteiro esbravejando
contra o ídolo em construção, ganhando apoio da multidão aqui embaixo,
mas nos momentos cruciais, quando há uma fagulha de resistência, reagem
como exemplares agentes de pacificação.
Quando
um deputado resolveu questionar no Congresso a hipocrisia dos
defensores do Estado babélico, em sua maioria defensores do assassinato
de bebês, e o marketing vulgar da paquita chorosa, os demais membros da
Bancada Evangélica o repreenderam, cassaram sua voz e expulsaram do
recinto sua moralidade cristã “incorreta” em favor decoro dos imorais.
Radical
expulso, os babélicos rodearam a alma pornográfica que desfilou
lágrimas televisivas, em puro êxtase demagógico. É sempre um espetáculo,
a hipocrisia líquida.
Os
membros da Bancada Evangélica passam quatro anos esperneando contra a
idolatria do Estado. Mas no ano em que tudo pode mudar eles resolvem
fechar acordos com os babélicos.
Tiram fotos com líderes babélicos, discursam e choram em favor deles e sua idolatria.
Os
deputados evangélicos anestesiam a multidão de cristãos com garantias
de que os idolatras em Brasília são sensíveis à lei moral de Deus e que
eles até oram, lá de cima, como os cristãos aqui embaixo, o que seria
uma prova de que no fundo também são cristãos.
Fomos
derrotados pelos idolatras — mais uma vez. Mas eles tiveram a ajuda
fundamental de deputados evangélicos — mais uma vez. Os idolatras não
poderiam ter aliados melhores.
Da
próxima você que você olhar para o horizonte tente imaginar o tamanho
que o abominável ídolo já ganhou. A sua herética altura agora só poderá
ser contida pelo próprio Deus.
Pense
nos idólatras invadindo nossos lares para educar nossos filhos sobre a
superioridade da ideologia babélica. Imagine isso e reflita: pra que
serve a Bancada Evangélica?
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