sexta-feira, 9 de maio de 2014

A irracionalidade do ódio aos judeus

Exclusivo: Michael Brown diz que acontecimentos recentes são parte de um padrão de séculos

Michael Brown
O antissemitismo, que é definido como “hostilidade ou discriminação aos judeus como um grupo religioso, étnico ou racial,” não é apenas o ódio mais antigo do mundo. É também o mais irracional.
Os acontecimentos antissemitas das últimas três semanas, desde Kansas City até a Ucrânia, nos fazem recordar que o ódio aos judeus está sempre próximo, buscando a mais leve provocação para erguer sua cabeça horrorosa.
Se existe um problema na sociedade, os antissemitas dizem que com certeza a culpa é dos judeus.
Quando a Peste Negra dizimou a Europa na Idade Média, os judeus, que já haviam sido marcados como assassinos de Cristo pela Igreja Católica, tornando-os assim culpados de matar Deus, foram acusados de iniciar a peste ao envenenarem os poços com uma mistura feita de aranhas, lagartixas e o coração de cristãos misturado com os elementos sagrados da Santa Ceia. Multidões enfurecidas massacraram milhares de judeus como consequência desse boato maligno.
Quando a Igreja Católica declarou em 1215 que os elementos da Santa Ceia literalmente se transformavam no corpo e no sangue de Jesus, os judeus foram acusados de roubar e torturar os pãezinhos da ceia, levando as multidões a queimar na fogueira comunidades judaicas inteiras.
No mundo muçulmano de hoje, ainda se crê que todo ano, os judeus raptam e torturam uma vítima inocente, usando seu sangue para fazer o matzah (pão sem fermento) da Páscoa.
O mundo muçulmano, junto com muitos não muçulmanos, também leva a sério os Protocolos dos Sábios de Sião, um notório documento forjado do final do século XIX que afirma relatar os planos secretos de um grupo secreto de líderes judeus que estão prontos para assumir o controle do mundo inteiro, no final sujeitando-o ao deus hindu Vishnu. Uma citação dos Protocolos diz: “Nosso reino defenderá a divindade de Vishnu, em quem se acha sua personificação.”
Os antissemitas afirmam que Israel estava por trás dos ataques terroristas contra os EUA em 11 de setembro de 2001, fazendo a acusação mais escandalosa ainda de que nenhum judeu morreu durante os ataques naquele dia. De acordo com tais teorias, um site antissemita afirma que, “judeus sionistas se opuseram às iniciativas de busca da verdade feitas por Robert Torricelli, senador esquerdista de Nova Jérsei, quando ele tentou descobrir os fatos em torno da tragédia de 11 de setembro de 2001 num discurso diante do Senado dos EUA em 26 de setembro de 2001.” É claro que, de acordo com as acusações dos antissemitas, foi “a imprensa dominada por judeus sionistas” que conseguiu bloquear a investigação.
Ainda mais bizarras são as afirmações de sites amplamente visitados como JewWatch.com (que o internauta tome cuidado com esse site), com manchetes como “Documento Judaico do Vaticano Mostra Judaização do Catolicismo” e “O Papa João Paulo II Era Judeu?” (A resposta, evidentemente, é “provavelmente” sim, na opinião deles.)
Os que visitam esse site encontrarão até mesmo estórias de “100.000.000 de inocentes cristãos que foram exterminados pelos comissários judeus comunistas anticristãos na Rússia sob as ordens de Trotsky, o supremo comissário judeu dos comissários. Entretanto, Spielberg jamais dirigirá um filme da ‘Lista de Schindler’ para eles ou seu genocídio. Qual a razão? Porque foram os judeus que fizeram isso.”
Talvez ainda mais bizarras sejam as estórias cada vez mais frequentes que acusam os israelenses de tirar órgãos humanos, como nesta notícia do jornal Kaperville Daily News, que declara: “Israelenses Estão Tirando Órgãos de Crianças Negras e Hispânicas.”
O artigo começa com o aviso: “Gente, protejam seus filhos! Isso é real. Todas essas crianças que estão sendo mortas, sendo achadas sem órgãos, não é coincidência. Eles estão fazendo isso até mesmo aqui no Haiti.”
A reportagem até fornece alegada documentação para suas afirmações: “Autoridades da Costa Rica anunciaram na quarta-feira que haviam desarticulado uma rede internacional de tráfico de órgãos que trabalhava com médicos israelenses e era especializada em vender rins para pacientes em Israel e Europa Oriental.”
O que é preocupante em tudo isso é que as pessoas realmente acreditam que essas acusações são reais, ao ponto de que se um só judeu estava ligado a um crime, isso é base para culpar todos os judeus aos olhos desses antissemitas. E se não se encontrou nenhuma evidência real? Isso seria prova de que a toda-poderosa mídia judaica teve êxito em acobertar a verdade, auxiliada por seus cúmplices judeus ricos que controlam as finanças do mundo.
O fato de que, em gerações recentes, os judeus têm tido um nível de proeminência social e financeira nos EUA e em alguns países europeus só inflama as chamas de antissemitismo e prova para eles que os Protocolos são verdadeiros.
Quanto aos reais e mortais inimigos de Israel, como o Hamas, teorias de conspiração abundam, inclusive esta, encontrada no Artigo Dezessete da Carta do Hamas: “As organizações sionistas sob vários nomes e formas, tais como maçons, Rotary Clubs, organizações de espionagem e outros são todos nada mais do que células de subversão e sabotadores. Essas organizações têm amplos recursos que lhes dão condições de desempenhar seu papel em sociedades para o propósito de realizar objetivos sionistas e aprofundar os conceitos que serviriam ao inimigo.”
Portanto, não só os judeus controlam a mídia, as finanças, o sistema político e o Vaticano (de acordo com alguns teoristas); não só os judeus são culpados de acobertar o envolvimento de Israel nos ataques de 11 de setembro de 2001, matando centenas de milhões de cristãos e outros (essa foi a afirmação do homem de Kansas City que matou judeus a tiro) e tirar órgãos humanos; mas também os judeus, especificamente os sionistas, controlam os maçons, Rotary Clubs e outras “organizações de espionagem,” todas das quais são “nada mais do que células de subversão e sabotadores.”
É claro que essas acusações horrendas são tão absurdas que são de rir, exceto pelo fato de que muitos milhões de pessoas acreditam que essas mentiras irracionais são verdadeiras.
E não há nada para rir sobre isso.
Traduzido por Julio Severo do artigo do WND: The irrationality of Jew hatred

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