Venezuela, Foro de São Paulo, EUA, petróleo e outras questões para um conservador pensante
Julio Severo
“O Brasil se tornará uma Venezuela se votarmos em determinado partido,” é o que dizem muitos brasileiros desesperados.
O
que foi necessário para que a Venezuela se tornasse o que é hoje? Mais
de 90 por cento dos venezuelanos são católicos e, como todo o resto da
Igreja Católica na América Latina, grandemente afetados pela Teologia da
Libertação. O que então de longe mais facilitou a expansão do
esquerdismo na América Latina não foi o Foro de São Paulo, mas a
Teologia da Libertação e seus milhares de padres e bispos militantes
vermelhos.
Se
o Vaticano tivesse conseguido se impor contra o comunismo de seus
padres e líderes latino-americanos, o Foro de São Paulo secaria em
questão de poucos meses.
Mas
o caso da Venezuela é mais complexo. Embora a Igreja Católica da
Venezuela tenha falhado gravemente ao dar espaço para a Teologia da
Libertação, houve, porém, uma grande oportunidade de matar todo o
financiamento do comunismo de Hugo Chávez. Contudo, quem tinha poder de
fazer isso nunca o fez.
Chávez
elegeu-se no final de década de 1990, durante o governo de Bill
Clinton, presidente esquerdista, abortista e homossexualista dos EUA.
Chávez
continuou governando e expandindo seu comunismo na Venezuela e outros
países latino-americanos durante o governo de outros presidentes
americanos. Essa expansão foi sustentada pelos bilhões de dólares vindo
da exportação de petróleo.
Não, o maior comprador do petróleo da Venezuela não era Cuba nem o Foro de São Paulo. Eram e continuam a ser os Estados Unidos.
Os
governos americanos de Clinton, George Bush e Barack Obama sempre
tiveram chance de dar uma paulada na expansão do comunismo na Venezuela,
mas provavelmente achavam que a compra de petróleo era muito mais
importante do que exterminar o comunismo.
Essa
ganância por petróleo colocou bilhões de dólares nas mãos de Hugo
Chávez, que usou para os interesses do Foro de São Paulo. Na prática,
uma meta comunista com financiamento de vários governos (esquerdistas e
conservadores) dos EUA.
Quero
deixar claro que, fiel aos meus princípios pró-vida, sempre fui
apoiador de Bush, que era contra a agenda abortista e homossexualista. Ele não era um defensor de Israel como era Reagan, mas pelo menos ele defendia interesses pró-família.
Quando Bush visitou o Brasil em 2007, a Globo me procurou para uma entrevista porque, de acordo com a jornalista, eu era um dos poucos brasileiros que apoiavam o presidente americano.
Se
ele fosse candidato presidencial no Brasil, eu votaria nele apenas
pelas credenciais pró-vida. Nessas credenciais, ele seria, de longe,
melhor do que os candidatos presidenciais covardes e entreguistas do
Brasil.
Mas
Bush falhou feio. Quando terroristas sauditas atacaram o World Trade
Center em 11 de setembro de 2001, Bush deveria, por obrigação moral, ter
invadido a Arábia Saudita, não o Iraque.
Possivelmente,
o que pesou nessa decisão impensada era que a Arábia Saudita era aliada
dos EUA — e grande fornecedora de petróleo aos americanos.
Possivelmente
nem fosse ideia do Bush invadir o Iraque para colocar seus poços de
petróleo na órbita comercial dos EUA. Talvez fosse ideia dos neocons —
neoconservadores americanos, que defendem a supremacia econômica e
militar dos EUA custe o que custar — que dominam o governo dos EUA.
Nesse caso, sob o peso dessa elite perigosa, Bush não tinha escolha.
No
caso da Venezuela, os mesmos interesses podem ter pesado. Custa-me crer
que Bush não sabia que os bilhões de dólares que os EUA davam para Hugo
Chávez em troco de petróleo não estavam sendo investidos na expansão do
comunismo e do Foro de São Paulo.
Se eu fosse presidente dos EUA, ordenaria a imediata cessação desse financiamento.
Talvez
as elites neocons tenham dito para Bush: “Aqui quem manda somos nós.
Queremos o petróleo venezuelano e que se dane quem está governando
naquele país. Você pode ser pró-vida ou pró-aborto na Casa Branca, mas
nas outras questões quem manda somos nós, entendido?”
Como
sou um conservador pensante, sou obrigado a pensar que a única
explicação para tanto financiamento americano para o comunismo
venezuelano foi porque Bush foi obrigado pelos neocons.
Claro que no caso de Clinton e Obama, que são socialistas, tais pressões eram desnecessárias.
Mas fico sempre me perguntando se o Cristianismo de Bush nunca falou na consciência dele sobre essas questões.
Hugo Chávez elogiava Obama, que manteve os EUA no papel vergonhoso de principal comprador do petróleo venezuelano.
Mas
para Bush, Chávez nunca dava elogios. Chávez chamava Bush publicamente,
até mesmo na ONU, de “demônio.” Mesmo assim, Bush continuava a maldita
tradição americana de maior comprador do petróleo venezuelano.
Para
um cristão conservador pensante, essa situação não faz sentido. Se
Chávez era antiamericano ao ponto de xingar um bom presidente dos EUA,
por que ele simplesmente não tomava a decisão de parar de vender seu
petróleo para os EUA?
Se
os xingamentos de Chávez contra Bush eram um incômodo para os
americanos, por que os EUA nunca pararam de comprar o petróleo
venezuelano?
Se
o Foro de São Paulo e a expansão do comunismo na América Latina eram
uma preocupação para Bush e outras autoridades conservadoras americanas,
por que os EUA nunca pararam de financiar tudo isso com a simples
atitude de abandonar sua posição de maior comprador do petróleo
venezuelano?
Só
havia dois modos fatais de acabar com o comunismo na Venezuela: 1)
Fidelidade de todo o clero católico venezuelano às diretrizes
anticomunistas do Vaticano — mas isso nunca aconteceu. 2) Pelo bolso:
bastava que o governo dos EUA cortasse a principal fonte de renda
venezuelana, que é a venda de petróleo — mas os EUA nunca fizeram isso.
Dói muito ser um conservador pensante! Eu me sentia mais tranquilo quando era um conservador que não pensava.
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