Por que fazer teologia no Mackenzie?
Em entrevista exclusiva, aluno do Mackenzie fala de mensalidades caras para sustentar uma instituição com espaço escancarado para promotores do liberalismo teológico da Teologia da Missão Integral
Julio Severo
Fazer
ou não teologia? Essa é a questão. Se você é presbiteriano ou de outra
linha calvinista, no Brasil a Universidade Presbiteriana Mackenzie é a
melhor referência.
No
passado, especialmente na década de 1960 durante o governo militar, o
Mackenzie se destacou por um antagonismo com a esquerda. Era comum, na
época, confrontosde rua entre estudantes do Mackenzie e estudantes esquerdistas da USP — Universidade de São Paulo.
Mas
nem sempre foi assim. Antes do governo militar, importantes
postos-chaves da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) estavam ocupados
por esquerdistas, e a chegada do governo militar ajudou os
presbiterianos conservadores a fazerem uma necessária faxina na casa.
Daí, foi exatamente durante esse período que o Mackenzie se mostrou mais
conservador.
Mais
recentemente, o que tem destacado o Mackenzie não é o conservadorismo,
mas professores que, impunemente, defendem a Teologia da Libertação ou
sua versão protestante, a Teologia da Missão Integral.
Mesmo
sob a gestão do ex-chanceler Augustus Nicodemus, defensores de ambas as
teologias já gozavam de liberdade dentro do Mackenzie — inclusive
Ariovaldo Ramos, considerado um dos “apóstolos” da Teologia da Missão
Integral.
Qual
seria a razão da grave omissão, sendo que os teólogos do Mackenzie
expõem suas contrariedades a várias questões que eles interpretam como
problemas? Há, no site do Mackenzie, textos teológicos defendendo o cessacionismo
— doutrina herética abraçada por uma minoria calvinista radical que
acredita que os dons sobrenaturais do Espírito Santo cessaram com a
morte dos apóstolos originais da Bíblia.
Há
vários outros documentos no mesmo site contra pentecostais e
especialmente neopentecostais, citando por nome líderes e suas práticas,
inclusive “guerra espiritual,” enxergada por eles como problema.
Mas
nada há tão explícito e direto contra a Teologia da Missão Integral,
muito menos citando os líderes principais dessa ideologia, como
Ariovaldo Ramos, Robinson Cavalcanti e mesmo Ricardo Bitun, companheiro
ideológico de Ariovaldo e coordenador de teologia no Mackenzie.
É
preciso destacar, porém, que depois de várias décadas de infiltração da
TMI na IPB e suas instituições teológicas, recentemente a TV Mackenzie,
em entrevista com dois professores da universidade presbiteriana, teve,
ineditamente, como foco uma crítica à TMI. Mas presbiterianos que
assistiram disseram que ao mesmo tempo em que tentaram criticar a TMI,
os professores do Mackenzie passavam a mão em cima. Confira neste link meu comentário, com link da entrevista integral.
Além disso, o Mackenzie tem sido um espaço importante para radicais grupos esquerdistas. Só para citar um exemplo, o Movimento Bandeira Vermelha
patrocinou um debate da Frente Perspectiva sobre “opressão contra
LGBTs, mulheres e afro-descendentes,” com a apresentação de um
curta-metragem recomendado por Jean Wyllys, radical supremacista gay que
já esteve como debatedor no Mackenzie, vencendo o outro debatedor, que simultaneamente representava o Mackenzie e a ANAJURE. O episódio, posteriormente muito mal explicado, acabou trazendo desgaste para o próprio Mackenzie.
Curta-metragem contra opressão aos homossexuais no Mackenzie |
E se eu fosse só aluno ali? Eu teria de ser um “rebelde com causa” — um “rebelde” contra a ideologia socialista.
Contudo,
outros evangélicos — não todos — não estão tão preparados para
identificar e confrontar essa ideologia na maior universidade
presbiteriana (ou calvinista, ou reformada, conforme queiram) do Brasil.
Apesar
de sua orientação claramente presbiteriana (e alguns professores
pró-TMI), a grande surpresa é que a grande maioria dos estudantes de
teologia do Mackenzie não é presbiteriana, nem reformada nem calvinista.
São neopentecostais.
Considerando
que não existe nenhuma universidade de teologia neopentecostal no
Brasil, jovens e profissionais neopentecostais estão recorrendo em
bandos ao Mackenzie. Outro motivo que deve estar levando a população
neopentecostal ao Mackenzie são as frequentes acusações que eles
recebem: “Vocês, neopentecostais, são uns ignorantes. Não têm diploma
teológico!”
É verdade: a vastíssima maioria deles não tem. E para buscar um diploma dessa espécie, quais são as opções evangélicas?
Há a Escola Superior de Teologia (EST), que é o maior seminário luterano do Brasil. Mas ali impera a Teologia da Libertação com todos os seus efeitos, inclusive infiltração da militância homossexual. A Universidade de Metodista São Paulo (UMESP), com os mesmos problemas, é outra opção inviável.
E
há a Universidade Presbiteriana Mackenzie, de linha calvinista. Claro
que perto da EST e da UMESP o Mackenzie é “conservador,” pois a Teologia
da Missão Integral, perto da Teologia da Libertação, é muito mais
“suave” e sútil.
Entre
essas duas difíceis escolhas, os neopentecostais escolhem o Mackenzie,
mas cancelam entre a 3ª e 4ª etapa do curso de teologia. No entanto,
essa desistência em massa não é devido exclusivamente à apologia à
ideologia socialista. Os alunos neopentecostais se sentem incapazes de
absorver a grande carga de conteúdo teológico.
O
segundo maior grupo de estudantes do Mackenzie é composto de
pentecostais, especialmente da Assembleia de Deus. Os pentecostais
conseguem ir até o fim do curso de teologia, se afiando no calvinismo e
suas doutrinas. Não estranhe, pois, pastores da Assembleia e outras
igrejas pentecostais clássicas repetindo, como papagaios teológicos, a
mesma linguagem dos calvinistas: a fonte é a mesma.
A minoria dos estudantes de teologia do Mackenzie é reformada (ou calvinista, ou presbiteriana).
Eu
não teria problema de estudar na EST ou Mackenzie, pois sou maduro o
suficiente para não absorver e retransmitir ideologias porcas. Mas
outros estão absorvendo tudo ou quase tudo o que estão aprendendo nessas
instituições. É nesse ponto que entra a preocupação com a ideologia da
Missão Integral, que não é drasticamente diferente da radical Teologia
da Libertação.
O
Blog Julio Severo tem o prazer de entrevistar um aluno que sabe
identificar os problemas ideológicos no Mackenzie e que procurou contato
comigo para expressar sua insatisfação com os rumos da teologia na
maior universidade calvinista do Brasil.
Por
motivo de segurança, a identidade do aluno, que está em contato
constante comigo, será mantida em sigilo, só estando disponível para as
lideranças da IPB que tiverem a responsabilidade de confrontar os
problemas de sua universidade.
O
esquerdismo é um problema sério. Mas, pelos vários artigos no site do
Mackenzie contra as experiências carismáticas, pentecostais e
neopentecostais, parece que os olhos teológicos do Mackenzie estão
focados apenas em uma direção. Se esse for o caso, fazem vista grossa à
Teologia da Libertação e à Teologia da Missão Integral ensinada por seus
professores, por amor ao ódio maior. Ricardo Bitun e Ariovaldo Ramos,
com presença destacada na gestão do ex-chanceler Augustus Nicodemus,
receberam treinamento na Universidade Metodista de São Paulo que, junto
com a EST, é o maior foco de contaminação marxista do protestantismo
brasileiro.
Além
disso, tanto Bitun quanto Ramos têm um rastro, inclusive uma obra
conjunta, de ataques ao neopentecostalismo. Talvez esse seja o
ingrediente mais importante que o Mackenzie tenha achado neles.
Alexandre Brasil, que hoje é agente presbiteriano muito bem pago do governo do PT para ludibriar os evangélicos, também passou pelo Mackenzie, e tem igualmente um livro contra o neopentecostalismo, classificando-o como Nova Era evangélica.
Mais recentemente, em almoço para convidados especiais, o atual chanceler do Mackenzie, David Charles, teve a companhia de Danilo Fernandes,
dono do Genizah, um dos maiores tabloides sensacionalistas de linha
calvinista esquerdista do Brasil. O foco de ataque do tabloide é sempre
cristãos do movimento neopentecostal, tratando-os com ridicularizações e
difamações, mas sistematicamente poupando camaradas calvinistas como
Ariovaldo Ramos e Augustus Nicodemus, cujos artigos são publicados com
destaque no tabloide.
É
uma unidade no antineopentecostalismo, onde abraços discretos envolvem
calvinistas supostamente conservadores escondendo e acobertando
calvinistas da Teologia da Missão Integral, cujo liberalismo teológico,
apesar de críticas sonsas de calvinistas pseudo-conservadores, é por
eles implicitamente consentida pela entrada que eles dão aos “apóstolos”
dessa teologia ideológica no Mackenzie e outras importantes
instituições presbiterianas.
Entretanto,
talvez num ponto todos eles tenham razão em seus ataques: a ignorância
dos neopentecostais. Se não fossem ignorantes, não seriam a maioria dos
estudantes do curso de teologia no Mackenzie.
São
ignorantes o suficiente para estudar teologia numa universidade que não
abre a mão de seu cessacionismo elitista e herético, negando que hoje o
Espírito Santo dá dons sobrenaturais, essencialmente colocando as
experiências neopentecostais no mesmo nível da bruxaria, mas aceitando
de mão cheia os promotores do maior liberalismo teológico que reina há
décadas nas igrejas presbiterianas do Brasil: a Teologia da Missão Integral, promovida, sem oposição, por grandes pastores da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).
Esta é a segunda entrevista que faço com estudantes do Mackenzie. A primeira foi com um jovem reformado.
Em ambos os casos, eles me procuraram depois de pesquisar no Google
sobre os problemas de socialismo que haviam identificado nas aulas de
teologia da universidade presbiteriana. Ambos encontraram explicações em
artigos de minha autoria, e acabaram se comunicando comigo.
Outros
alunos do Mackenzie verão o relato deles, e cedo ou tarde os estudantes
neopentecostais farão cobranças em suas aulas de teologia: “Eu vim aqui
para aprender teologia, mas estou absorvendo marxismo e cessacionismo.
Para onde está indo todo dinheiro que pago mensalmente?”
Cedo ou tarde, os alunos pentecostais, que compõem o segundo maior grupo de estudantes de teologia, farão a mesma cobrança.
E
espero que a minoria de alunos reformados, calvinistas e presbiterianos
consiga fazer o que não tem sido feito durante décadas na IPB: cobrar
fortemente a invasão da Teologia da Missão Integral em suas instituições
teológicas.
Se
essas cobranças ocorrerem, então a meta dessa entrevista foi cumprida, e
a IPB não terá prejuízo algum, pois se livrará de um grande câncer
espiritual que a atingiu décadas atrás, mas que só agora está sendo
tratado com a gravidade merecida. E a Universidade Presbiteriana
Mackenzie poderá, enfim, ser o que sempre deveria ter sido:
conservadora.
Se
essa mudança não ocorrer, os alunos neopentecostais e pentecostais de
hoje no Mackenzie estarão sob risco de se tornarem futuros pastores e
outros líderes evangélicos retransmitindo a Teologia da Missão Integral.
Serão meros ventríloquos de um liberalismo teológico amplamente
tolerado há décadas entre os calvinistas do Brasil. Esse será o maior
desserviço que a Universidade Presbiteriana Mackenzie dará à causa do
Evangelho no Brasil e também às igrejas neopentecostais e pentecostais.
Neopentecostais
e pentecostais não são imunes à praga da Teologia da Missão Integral.
Ricardo Gondim, como pastor pentecostal da Assembleia de Deus, estudou
teologia na Universidade Metodista de São Paulo, onde os diabos do
liberalismo teológico deitam e rolam. Depois, ele fez pós-doutorado ali.
Hoje, ele não só é um dos “apóstolos” da Teologia da Missão Integral,
mas também um apóstata, defensor do “casamento” gay.
Se
for para os neopentecostais e pentecostais procurarem teologia
tradicional para se contaminarem, é melhor que permaneçam “ignorantes.”
A
Teologia da Missão Integral aproxima os evangélicos da esquerda,
colocando sua ideologia marxista no pedestal do Evangelho. Coloca irmãos
contra irmãos. Os adeptos da Teologia da Missão Integral, inclusive Ariovaldo Ramos e Ricardo Bitun, assinaram manifesto público contra Marco Felicianoquando
todas as esquerdas do Brasil queriam removê-lo da presidência da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados em 2013.
No mesmo ano, Magali do Nascimento Cunha, professora da Universidade Metodista de São Paulo
e promotora da Teologia da Missão Integral, lançou um ataque,
devidamente repercutido pelo tabloide Genizah, contra o alerta da Dra.
Damares Alves, uma pastora pentecostal, contra as campanhas do governo
para sexualizar as crianças do Brasil. Magali, como esquerdista
desonesta, assumiu a defesa do governo do PT. Hoje, ela assessora a infame “Comissão da Verdade”
levando para essa inquisição esquerdista suas “informações” sobre
igrejas que se opuseram ao socialismo durante o governo militar.
A Teologia da Missão Integral une evangélicos à esquerda e os torna combatentes de cristãos conservadores.
A
Teologia da Missão Integral no Mackenzie deixará de contaminar seus
alunos majoritariamente neopentecostais e pentecostais com os mesmos
problemas? Mesmo que o Mackenzie contaminasse com menos Teologia da
Missão Integral do que a EST e a UMESP, dá para se dizer que não existe
perigo?
O veneno, em grande ou pequena dose, tem seus efeitos nocivos, que cedo ou tarde aparecerão.
E
Bitun é o maior exemplo. Ele é pastor neopentecostal, formado na
radical UMESP, mas fala e age como os milhares de calvinistas
progressistas do Brasil. Parece-se tanto com calvinista dessa espécie
que foi achado digno de confiança pela elite calvinista de ser o
coordenador do curso de teologia do Mackenzie. Para estar nessa posição,
tem de ser mais calvinista do que a maioria dos calvinistas.
Ele tornou um neopentecostal Denorex, que não tem quase nada de neopentecostal, mas quase tudo de calvinista progressista.
Querendo
ou não, Bitun se tornou prova viva dos perigos do contato entre
neopentecostais e a moderna Teologia Reformada, que se encontra
sequestrada por interesses de calvinistas progressistas. Não só contato
com a Teologia Reformada (calvinista), mas também com outras teologias
protestantes, que igualmente estão em degradação.
Leia
esta entrevista e, se você, como pentecostal ou neopentecostal, está
pensando em fazer teologia no Mackenzie ou na EST ou UMESP, para escapar
do rótulo de “ignorante,” cuidado com o veneno do liberalismo
teológico.
JS: Quanto tempo você estuda no Mackenzie?
ALUNO MACKENZISTA: Estudo na UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie) há três anos.
JS: O que fez você procurar o Mackenzie?
ALUNO
MACKENZISTA: Procurei a instituição pelo fato de ter uma grade
curricular conservadora, que me saltou aos olhos, e trabalhar com a
Teologia Reformada (que é de meu agrado). Embora eu saiba separar os
estudos acadêmicos da minha fé em Cristo, optei pela UPM por ser um
diferencial entre as outras. Cheguei a pensar na Universidade Metodista,
mas não simpatizo com a Teologia Liberal, e na PUC, mas não sou
católico. Além disso, considerei o valor da mensalidade que até o
momento é, graças a Deus, compatível com o meu bolso. Ponderei a linha
teológica que a instituição segue, a localização próxima ao trabalho,
valor que poderia pagar e o prestígio nacional da universidade.
JS: O que você esperava no Mackenzie e não encontrou?
ALUNO
MACKENZISTA: Acredito que como todos os meus colegas cristãos e
pastores, esperava encontrar uma instituição conservadora e que não
falasse as besteiras teológicas que muitas instituições evangélicas têm
propagado por aí. Desde a minha conversão, as dúvidas sobre a Palavra de
Deus foram crescendo, até que resolvi estudar, contra a vontade do meu
pastor e da minha família. Como já disse, não vejo problemas em estudar
até mesmo com professores da linha liberal, pois sei separar a fé da
academia. Uma vez que a fé é dom de Deus e é Ele quem nos dá, eu jamais a
“perderia.” De fato, durante esses três anos na UPM, posso dizer que
tive apenas dois professores liberais e esquerdistas. Os demais não o
são e, felizmente, de certa forma, aprendi muito com todos eles.
O
que me deixa realmente triste é a infiltração esquerdista no curso de
Teologia. Pensei que aquele seria um lugar onde os cristãos pudessem
fortalecer os seus conhecimentos acadêmicos e fazer a diferença no país,
uma vez que ao ser indagado por conhecidos sobre minha graduação, tenho
como resposta, num primeiro momento, um rosto franzido e uma
interrogação: “Mas o que é teologia?” “O que faz um teólogo?” “Você vai
arranjar emprego com isso?” “Essa profissão paga bem?” “Você está
estudando para ser padre?” Ao contrário, encontrei na UPM professores
que ainda acreditam na total exploração dos trabalhadores pelos
empresários, que fazem apologia petista em plena sala de aula, que
pregam a Teologia da Missão Integral, que falam dos benefícios da
Teologia da Libertação, que exaltam as CEBs (comunidades eclesiais de
base) e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), que nos
encorajam a ler os teóricos marxistas e a Escola de Frankfurt e por aí a
fora… Fico furioso quando vejo na UPM alunos expressando admiração
pelas aulas com essa temática, de maneira ingênua, acreditando que isso
seja o Evangelho. Com a justificativa de estar fazendo uma boa obra aos
humildes e necessitados, todos acabam caindo no engodo maquiavélico de
que os fins justificam os meios.
Não
quero dizer com isso que sou contra a leitura e conhecimento desse tipo
de material. Pelo contrário, eu mesmo leio sempre e acredito que os
estudantes devem ler o máximo que puderem. Mas não alertar sobre as
desgraças que o pensamento marxista/esquerdista gerou ao longo desses
anos é ser negligente. A história está aí. Não há como negar.
Para
não ser injusto, durante todo esse tempo, ouvi apenas um professor
explicando a real intenção da Teologia da Missão Integral e dessas
outras ideologias com o apelido de “teologia”. Os demais professores,
mesmo não sendo esquerdistas, nunca proferiram uma só palavra contra a
TMI. Outros até apoiam, já que a justificativa é o cuidado com os
pobres. Às vezes eu me questiono: “Será que é por ignorância que eles
não percebem que a TMI é um câncer na igreja, ou será que é proposital”?
Eu espero que seja ignorância.
Infelizmente,
parece que a própria Universidade Presbiteriana Mackenzie menospreza o
curso de Teologia. Não há divulgação do curso (que deveria ser a menina
dos olhos da instituição); a carga horária foi reduzida de quatro para
três anos; somos obrigados a participar da maioria dos eventos
oferecidos pela UPM sem um aviso prévio, mesmo que estes não sejam
ligados à Teologia. Isso nos faz, muitas vezes, perder o conteúdo que
seria ministrado e que nunca é reposto. Não me lembro de haver nenhuma
aula de reposição durante o tempo que estou lá. A instituição que tanto
prega a liberdade não nos permite ter a liberdade entre optar por
assistir a uma aula (para a qual nos preparamos diariamente e pagamos)
ou assistir a um evento do nosso interesse. Muitas vezes percebo que
quando os auditórios estão vazios, os coordenadores e organizadores dos
eventos correm no prédio da Teologia e esvaziam as salas de aula para
prestigiar os palestrantes com um auditório lotado.
JS: Alunos de teologia do Mackenzie já tentaram se queixar para a diretoria da carga esquerdista nos cursos de teologia?
ALUNO
MACKENZISTA: Não tenho ciência de que algum aluno tenha se queixado do
conteúdo esquerdista que muitas vezes somos obrigados a engolir, até
mesmo porque, majoritariamente, poucos alunos se interessam ou têm
ciência desse assunto. Como disse na questão anterior, tem aluno que sai
da aula maravilhado após ouvir as boas obras da Teologia da Missão
Integral. Quanto a isso não há resistência, infelizmente. Nunca tomei a
frente de reclamar, pois tenho certeza de que não teria o apoio da
maioria dos colegas, mas apenas de um ou dois. Além disso, a instituição
não nos confere o poder nem ao menos para escolher entre assistir a uma
aula ou um evento, não nos respeita quanto a nos avisar de antemão
quando um professor falta (e isso acontece com frequência), etc. Creio
que jamais dariam ouvidos às nossas queixas.
A
verdade é que o pensamento da maioria é sempre o mesmo: “deixa para lá,
isso não é nada demais”. É jogando lixo aos pouquinhos que vemos um
amontoado crescer.
Também
não sou contra os professores ensinarem diversas correntes teológicas.
Nós estamos lá para aprender um pouco sobre todas elas. Os alunos devem
conhecer de tudo e formarem a própria opinião, seguir o próprio caminho.
Acontece que é uma universidade confessional, a verdade deve ser dita.
JS:
Os professores liberais reconhecem e confessam que a Teologia da
Libertação e sua versão evangélica, a Teologia da Missão Integral, são
liberalismo teológico?
ALUNO
MACKENZISTA: Nenhum deles se assume liberal. Parece também que eles não
se importam com o viés marxista da TMI, já que os pobres são o “alvo”
dessa teologia.
JS:
Na década de 1960 durante o governo militar, o Mackenzie ficou famoso
por seu antagonismo com a esquerda. Como os professores liberais do
Mackenzie encaram isso?
ALUNO
MACKENZISTA: Quando indagado se o Mackenzie apoiou o regime militar, um
professor ficou revoltado, dizendo que isso era mentira. Eles estão
sempre negando essa informação dentro do Mackenzie e não gostam quando
os alunos tocam nesse assunto.
JS: Como é que o Mackenzie pode manter presbiterianos liberais hoje se no passado os expulsava?
ALUNO MACKENZISTA: Os presbiterianos comunistas foram expulsos, porém, recentemente, foram honrosamente reintegrados à IPB. Um exemplo que foi exaltado em de aula de teologia no Mackenzie, aula em que eu estava, foi o de Paulo Stuart Wright.
O professor de história passou um filme sobre ele e disse que era
também amigo de Jaime, irmão do Paulo Wright. (Nota: Jaime Wright foi um
importante pastor presbiteriano socialista que fez resistência ao
governo militar do Brasil.)
JS: Você poderia fornecer um exemplo especifico da doutrinação esquerdista?
ALUNO
MACKENZISTA: Por exemplo, na aula de Sociologia da Religião, no
primeiro semestre de 2013 durante a gestão do chanceler Augustus
Nicodemus, o Ricardo Bitun, professor e coordenador do curso, deu três
ou quatro aulas, fez todas as turmas de teologia assistirem a uma aula
magna com o Pr. Ariovaldo Ramos (seu amigo pessoal) e distribuiu
diversos artigos esquerdistas para as turmas apresentarem (e durante as
apresentações exaltava a Teologia da Libertação e as “obras”
esquerdistas). Ele disse que dava esses artigos para todas as turmas,
inclusive da pós-graduação. O conteúdo dos artigos é totalmente
esquerdista, absurdos às vezes. Não houve objeção de nenhum aluno. O que
foi dado para leitura não passou pela crítica. Posso resumir um dos
artigos, que culpava os ricos e a classe média pela violência e miséria
dos pobres. Outros exaltavam as CEBs (Comunidades Eclesiais de Base,
ninhos católicos da Teologia da Libertação).
Parece
tudo muito bonito. Afinal, o que tem de errado em ajudar um
necessitado? O que há de errado em fazer um projeto numa comunidade
carente? Sabemos que tudo isso é muito bom. O problema é a ideologia por
trás disso. A ideologia é o alvo. Essa mentira de que o rico é o
culpado pela situação do pobre, que o capitalismo e o consumismo são a
raiz de todos os males, deveria estar sendo defendida dentro da
Universidade Presbiteriana Mackenzie? Será que ninguém percebe que isso é
loucura? Até quando vamos continuar repetindo isso em uníssono?
JS: Você está satisfeito com as mensalidades que paga em seu curso de teologia?
ALUNO
MACKENZISTA: Eu diria que as parcelas, graças a Deus, cabem no meu
bolso. Mas, pela qualidade e desrespeito com os alunos da Teologia, não
estou satisfeito. Sem contar a redução da carga horária, o que tenho
certeza que nos prejudicará quanto ao conteúdo do curso. A carga horária
diminuiu, mas o valor da mensalidade aumentou.
JS: Quem são os professores de teologia mais esquerdistas no Mackenzie?
ALUNO
MACKENZISTA: Não gostaria de citar nomes para não gerar problemas. Mas
posso garantir que o coordenador do curso de Teologia, o Prof° Dr.
Ricardo Bitun, é um dos que mais disseminam ideias esquerdistas durante
suas aulas de Sociologia. Talvez seja por isso que alguns outros
professores tenham também essa liberdade. Posso garantir que já ouvi,
dentro da Universidade Presbiteriana Mackenzie, muita apologia à
Teologia da Libertação e à Teologia da Missão Integral em sala de aula, a
Marx e ao socialismo. Ora sutilmente, ora descaradamente.
Eu
sou a favor da liberdade de opinião. Sei que todos são livres para se
expressar. Sei também que eventualmente podemos ter professores
esquerdistas. O meu verdadeiro incômodo é a ausência de objeção, é a
uniformidade de opinião e negligência dos demais. É impossível o aluno
fazer uma crítica, construir um pensamento se ele não tem a contradição.
O que o professor disser, o aluno vai repetir.
JS: Como aluno, o que você recomenda para outros estudantes de teologia que estão na sua situação?
ALUNO
MACKENZISTA: Eu gostaria que os alunos buscassem ir além daquilo que
ouvimos em sala de aula. Tenho certeza de que se algum professor ousasse
dizer em sala de aula que Cristo foi uma invenção, uma lenda, os alunos
se oporiam e tomariam uma atitude. Entretanto, mesmo que sutilmente,
dentro da UPM engolimos ideias socialistas a todo momento e ninguém se
pronuncia. Quero crer que seja por ignorância, não por simpatia.
Silenciar-se ao ouvir apologias ao regime político que assassinou mais
de cem milhões de seres humanos não é nem de longe compatível com o
Evangelho de Cristo. Acredito que poucos colegas saibam disso. É aquela
maldita ignorância de que “os caras que estavam no poder se corromperam e
aquilo não era o comunismo de Marx.” Até hoje, em todo o planeta, as
ideias de Marx foram IMPOSSÍVEIS de serem postas em prática sem
genocídio, controle mental, miséria e banimento do Cristianismo vivo e
atuante. Falta muita informação aos estudantes universitários e, de
forma particular, aos estudantes de teologia da UPM. Falta investigar a
verdade. Não podemos aceitar calados as ideias que tentam inculcar em
nossas mentes. Isso requer muita leitura e uma sede de justiça.
Antes
de tudo, aconselho aos irmãos que se esforcem em seus estudos, não
apenas teológicos, mas históricos e políticos. Só assim poderemos
identificar as reais intenções de alguns professores.
Além disso, devemos questionar os professores sempre que tentarem nos persuadir com essas ideias.
Posso dizer que desde que ingressei na UPM aprendi a ser mais cauteloso e crítico. Os próprios professores esquerdistas com as suas constantes críticas ao capitalismo nos incitam a isso. Entretanto, pelo que pude entender desses professores esquerdistas da UPM, devemos ser críticos em relação à sociedade, ao capitalismo e à igreja, exceto com relação a esses mesmos professores e a universidade.
Além disso, devemos questionar os professores sempre que tentarem nos persuadir com essas ideias.
Posso dizer que desde que ingressei na UPM aprendi a ser mais cauteloso e crítico. Os próprios professores esquerdistas com as suas constantes críticas ao capitalismo nos incitam a isso. Entretanto, pelo que pude entender desses professores esquerdistas da UPM, devemos ser críticos em relação à sociedade, ao capitalismo e à igreja, exceto com relação a esses mesmos professores e a universidade.
JS: O que você faria para dar um rumo conservador para os cursos de teologia do Mackenzie?
ALUNO MACKENZISTA: Sou a favor da liberdade de opinião e expressão. Disso não abro mão.
Acontece
que a maioria esmagadora de alunos é cristã, conservadora e está lá
porque acreditou no diferencial da UPM. Se existe opção para todos os
gostos, por que não podemos fazer do nosso curso um curso 100%
conservador? O aluno que não está contente pode ir para Metodista ou
aonde sentir que é melhor para ele mesmo.
Acredito
que para melhorar a qualidade do curso de Teologia a UPM poderia rever o
que está sendo ensinado e quem está ensinando. Se a universidade é
confessional, tem liberdade para isso.
Uma
vez um colega questionou um professor sobre a universidade sediar
eventos que eram incompatíveis com a teologia professada pelos
presbiterianos. O professor rebateu, dizendo que lá não tinha
fundamentalistas e que as portas eram abertas a todos. Daí eu me
pergunto: mas em qual universidade deste país nós, cristãos, temos a
liberdade de falar sobre criacionismo, por exemplo, sem sermos
tripudiados? Na UNICAMP? Na USP? Por que nosso espaço deve estar aberto
para todo mundo e nós não temos espaço em lugar nenhum? Será que essa
abertura toda é realmente positiva? Ou será que é medo de ser rotulado
“fundamentalista”? Eu não sei até que ponto isso é interessante, já que
as coisas estão cada dia mais censuradas para os cristãos e que a UPM é
um dos poucos lugares que nos restou.
Se
a TMI é incompatível com o conservadorismo dos alunos cristãos e com os
propósitos originais do Mackenzie, a Igreja Presbiteriana do Brasil,
que é dona dessa instituição, deveria adotar medidas para que o
Mackenzie se porte como uma universidade que preza pela verdade. E
verdade só há uma. E não é a da TMI.
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