Pastor Robson Brito
Naquela manhã de 18 de julho de 1975, eu tinha 9 anos de idade, acordei com os pés semi-congelados, a pele ardia. Nossa casa era de madeira com algumas frestas, que por elas entrava um vento cortante, abri um pouco a janela da sala e vi a grama da frente de casa coberta por uma camada de gelo, a água não saia da torneira, congelara-se nos canos, as folhas das árvores estavam murchas e céu branco como nunca antes tinha visto. Tudo estava congeladamente branco.
Não entendia muito bem a desolação dos adultos, pois para mim parecia até bonito, principalmente por que o ar que saia da boca fazia uma fumaça divertida, mas o frio era terrível, cinco graus negativos, com uma sensação térmica indescritível para quem estava acostumado com o calor maringaense .
Era a famosa geada negra, isto é, sem formação de cristais de gelo, que foi devastadora para a agricultura no estado de São Paulo e no Norte do Paraná. Devastou todos os cafezais principalmente da região de Maringá e Londrina provocando grande recessão econômica no norte do estado, atingindo também os cafezais do Estado de São Paulo. No outro ano a arrecadação do Estado do Paraná caiu quase 20%.
Bem mais tarde aprendi que a desolação toda residia no fato de que a geada era uma tragédia para a vegetação, por causa da queda da temperatura dos tecidos vegetais (interna), abaixo do ponto de congelamento do suco celular. Esse ponto é específico para cada cultura e estágio nutricional da planta. Para as folhas do cafeeiro esse limite está entre -3 e -3,5º C.
Emcapotado de lã, lutando contra uma gripe, entre uma tosse e outra, reflito que existe um inverno pior do que nossos avós, nossos pais e nós mesmos enfrentamos em 1942, 1969,1979, 1981 e 1994.
Falo do inverno espiritual: “E por se multiplicar a iniqüidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mateus 24.12 – ARA). Jesus disse que em um determinado tempo, bem próximo da primeira fase da Sua segunda vinda, iria acontecer uma estação fria na vida espiritual das pessoas, inclusive daqueles que O seguissem. Quero desafiar você a vencer esta situação. Não permita que o inverno espiritual mate você:
1. Decida não permitir que nada seu ou deste mundo roube o tempo que você deve dedicar ao Senhor, em um devocional pessoal e em comunhão com o Pai em seu dia-a-dia. Este é o melhor agasalho e aquecimento que possa existir (MT 6. 33).
2. Aja de tal modo que sua família esteja na frente do seu trabalho e primeiro que seus amigos. Se você é solteiro(a) valorize mais seus pais (Ef 6.2) e seus irmãos. Se casado(a), além disso, namore mais seu cônjuge (1 Co 7.33) e curta mais seus filhos, eles devem receber prioridade em relação a seus amigos (1 Tm 5.8). Aqueça os seus e o seu coração sempre estará ardendo de alegria.
3. Não trabalhe apenas para sustentar-se. Faça o que você gosta. Se você não gosta do que faz, qualifique sua mão-de-obra e lute por uma nova oportunidade de trabalho. E, acima de tudo, faça com que seu trabalho seja um culto a Deus, o que você faz deve glorificar ao Senhor (Cl 3.22-24; Mt 5.16), se isto não acontecer sua vida será muito fria.
4. Cultue a Deus em espírito e em verdade, mas não se contente só com isto! Integre-se em algum ministério. Na casa de Deus existe alguma área que seus dons podem ser usados para aquecer o culto, o povo de Deus e a comunhão dos outros. Ninguém será salvo se não viver fervorosamente para a obra de Deus. Isto implica em assumir a missão d’Ele na face da Terra (Jo 4.34).
5. Invista em amizades sinceras. Não permita que você encontre com seus amigos só por acidente. Promova encontros, bate-papos, cultos domésticos e lazeres saudáveis com eles. Aproxime-se com mais intensidade de pelo menos doze pessoas e dos doze tenha três mais íntimos. Quanto mais próximo você estiver, mais aquecido você será (Pv 17.17; 18.24).
6. Faça o bem espontânea e desinteressadamente. Feche sua casa e saia em busca de alguém que esteja aflito e que se encontre necessitado, faça algo bom por esta pessoa. Telefone para alguém que está em luta, console-o, mostre que ele tem valor e que você não é uma pessoa congelada. Enquanto aquecemos os outros, nós somos amados por eles e, à medida que os acalentamos, tornamo-nos indispensáveis. “Ninguém é inútil enquanto é amado”. Dê carona a alguma pessoa idosa ou todos os domingos vá buscá-la em sua casa. Ajude um colega de trabalho em algo que não é sua obrigação. Traga algum produto para o culto e deposite na caixa da campanha do Kilo, na porta do templo, isto vai ajudar alguém menos favorecido. Ajude alguém desempregado. Decida aquecer alguém e você nunca será enfeitiçado pela iniqüidade mundana do egoísmo, além disso, não perderá o arrebatamento da igreja na primeira fase da segunda vinda do nosso Senhor! (1 Ts 4.17, 1 Co 15.51, Mt 24.31, Jo 14.3, Ap 11.12)
Prs Darci e Mirian Francisco