Servir: a graça não é de graça! (Lc. 17.7-10)
Alguém disse que “Deus não pergunta sobre nossa capacidade ou incapacidade, mas se estamos à disposição”.
Uma das maiores carências da atualidade é de gente à disposição. Homens e mulheres compromissados com o Reino. Vivemos na era das facilidades, onde o que impera é a busca alucinada pelos holofotes e aplausos, como se fôssemos astros e não escravos. J. H. Jowett disse que“o ministério que nada custa nada realiza”.
Phillips Brooks disse: “Não ore pedindo uma vida fácil. Ore para ser um homem mais forte. Não ore pedindo uma tarefa equivalente às suas forças. Ore por forças equivalentes às suas tarefas”. Ainda confundimos a graça com o remanso, o não-fazer. Esquecemos de que o contrário de graça não é esforço, é mérito!
A igreja do século 21 é uma igreja acostumada à mecânica do templo. Uma igreja de pedra, mas não de gente. Uma igreja que inverte o “Ide” e subverte a própria missão – é a autossabotagem eclesiástica.
Pense na seguinte pergunta: o que te qualifica como servo?
Carecemos de um resgate da condição de servo! Não um servo sentado em casa, descansando de manhã, repousando à tarde e dormindo à noite!
Um escritor disse que o ócio é a morada do demônio. Ócio é o outro nome da preguiça. Harvey Cox disse que a preguiça foi responsável pelo pecado de Adão: ainda corremos o risco de deixar a serpente escolher por nós!
Oscar Wilde disse que “o problema de a pessoa ter uma boa ideia é ser chamada para colocá-la em prática”. A igreja contemporânea é repleta de especialistas em tudo aquilo que não fazem!
A palavra “negócio” vem do latim: é a junção da partícula de negação “ne” + “ótium” que significa “repouso, descanso”, portanto, “negócio” é a negação do repouso, a negação do ócio. Precisamos descansar, mas não para sempre!
O preguiçoso, nem sempre é aquele que nada faz, às vezes, se esconde no ativismo! É aquele que faz tudo o mais rápido possível, só para ver se sobra tempo para descansar! Um provérbio antigo diz que “o diabo tenta todo mundo, mas o preguiçoso tenta o diabo”.
Phillips Brooks disse que “Pensar que você não pode fazer nada é quase tão arrogante quanto pensar que pode fazer tudo”.
Trabalhe! Envolva-se na graça e sirva! A graça não é de graça!
Estar envolvido com a graça não significa ser negligente
O servo qualificado é o oposto do negligente. Algumas pessoas usam a graça como desculpa para não trabalhar.
O servo não deve esquecer suas tarefas: Os alemães têm um provérbio: “jamais digas esqueci, pois o esquecimento é próprio dos irresponsáveis”. O esquecimento da graça nos lança no perigoso território da não-graça! Desculpas esfarrapadas para não gerarmos frutos e filhos!
O servo não deve ser desleixado: Precisa aprontar-se e servir com qualidade. Um dos aspectos que a Rainha de Sabá observou e elogiou foi a corte de Salomão (I Reis 10. 4-8). Servos desleixados envergonham seu Senhor.
O servo não deve ser desatento: Deve esperar enquanto seu Senhor come e bebe. Servos desatentos sentam-se em qualquer lugar, inclusive nos lugares aonde não foram chamados.
C. S. Lewis disse: “Certamente você realizará o propósito de Deus, não importa como esteja agindo, mas faz diferença se você serve como Judas ou como João”.
Sirva com excelência, pois como disse Paulo em I Co. 15. 58: “o nosso trabalho não é vão no Senhor”
Cuidado com a armadilha da ambição desmedida
Em Lc. 17. 9, Jesus pergunta aos discípulos: “será que vocês agradecerão ao servo por ter feito sua obrigação?”
Hoje, trabalhar por glórias e mídia virou obsessão. A ambição desmedida foi responsável pela metamorfose de anjos em demônios. O elogio ao servo só ocorre no final de sua tarefa: “servo bom e fiel”. A ambição desmedida faz com que o servo distorça sua tarefa e destrua sua recompensa. Servir, por si só, já deve ser visto como glória.
Agostinho dizia: Torna-me teu escravo, ó Deus, e então serei livrre! Vance Havner disse:“Nossa eficiência sem a suficiência de Deus é apenas deficiência”. A ambição desmedida pode nos levar ao abismo da manipulação dos meios e dos outros.
Qual tem sido a sua motivação?
Cuidado com a doença da arrogância
O versículo 10 deixa explícito o que os próprios servos pensavam de si: “somos servos inúteis”.
Esse texto vai na contramão da espiritualidade dos queridinhos de hoje. Vivemos numa igreja onde ninguém quer ter a abençoada inutilidade, a grande maioria dos crentes foram picados pela mosca azul do poder.
Um servo arrogante é uma ameaça ao bom andamento da obra. Servo arrogante é contradição. Quem serve, deve fazê-lo em amor! (João 13)
Que Deus nos guarde da enfermidade da arrogância, da Síndrome de Nabucodonosor, de trocar o manjar do Senhor pelo capim dos orgulhosos.
Até mais...
Alan Brizotti
Nenhum comentário:
Postar um comentário