terça-feira, 29 de dezembro de 2009

ALÉM DA MORTE EXISTE VIDA



Esses dias recebi a triste noticia de que um amigo de longa data está com uma doença terminal. Não sei se você já passou por tal situação, ela nos remete à nossa fragilidade. De repente lembramos de que a vida é uma pequena chama que pode ser vencida por um simples sopro.

Não paro de pensar em meu amigo. Fico pensando se ele está preparado para partir. Imagino o que se passa agora pela cabeça de seus filhos e esposa. E sempre me vem os mesmos questionamentos que já tive em outras oportunidades diante de circunstâncias semelhantes: Porque nunca estamos prontos para aquilo que parece inevitável? Porque fugimos dessa coisa real chamada morte mesmo quando ela está tão próxima?

Creio que nada mais me angustia do que um velório. O corpo inerte no centro de uma sala colocado em um caixão, as pessoas se abraçando e chorando baixinho. Algumas pessoas sedadas com tranquilizantes outras em um clamor tão desesperado que nos leva inevitavelmente às lágrimas mesmo que não tenhamos vínculos afetivos com o falecido. E ainda existem as crianças, sem entender direito o que está acontecendo mas absolvendo involuntariamente toda essa incomprensivel agonia diante delas.

Desde criança me pergunto sobre o por que de fazemos tudo isso. Esse ritual de despedida que mais parece uma tortura prolongada. A dor de não ouvir mais a risada ou a voz. O corpo enrigecido e inerte. O vazio...

Aprendi lendo alguns livros de psicologia sobre a importância do velório para a compreensão de tudo que está acontecendo. Talvez precisemos mesmo entender, nos despedir. Mas, como dói...

Perdoem-me mas a morte é intragável. Nunca sei o que dizer aos enlutados, na verdade, como não gostaria de ouvir nada em um momento como este, prefiro me calar também. Apenas abraço as pessoas e choro junto com elas. Geralmente me pedem para dizer-lhes uma palavra, e nessas horas como a Palavra de Deus mostra-se divina, como talvez nenhum teólogo consiga comprovar de outra forma.

Muitos falam do consolo da eternidade e eu creio nisso piamente - aliás é o que me sustenta - mas seria hipócrita se dissesse que isto me consola no todo. A morte machuca, e me sinto em paz quando leio no Evangelho de João que Jesus chorou a morte de seu amigo Lázaro que pouco depois seria ressuscitado por Ele.

Tenho aprendido com Jesus que a vida deve ser vivida no todo, que minhas alegrias agora não podem me deixar esquecer da fragilidade desta existência. Jesus constantemente lembrava aos seus discípulos o fato de seu Reino - e naturalmente Ele - não serem daqui. Se há um consolo para a morte, além da eternidade que nos foi prometida e garantida em Jesus, é o de que não morremos pois em Cristo já estamos mortos.

Paulo compreendia isso "Não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim", Cristo estando em nós já não há mais morte, mas esperança de nova vida. Revestidos de glória diremos finalmente "Onde está ó morte o teu aguilhão".

Postado por João Eduardo Cruz

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