sábado, 28 de julho de 2012


Refletindo sobre a questão do talento


            Clarice Lispector disse que “vocação é diferente de talento. Pode-se ter vocação e não ter talento, isto é, pode-se ser chamado e não saber como ir”. É difícil definir o talento. Alguém disse que “talento é escrever com a mão certa”. O problema é que vivemos no mundo da mentira técnica, o fazer sem ser, a profissionalização do banal, o que faz com que, como diziam os antigos,“em terra de urubu diplomado, sabiá não cante”. Tem gente escrevendo com a mão errada...

            Vamos refletir sobre algumas características fundamentais do talento:

            Talento diferencia. Compor uma música incrível e outra não, é fruto do talento. Pintar uma tela é diferente de gerar uma obra de arte. O talento faz a distinção entre a pintura sem arte e a arte de pintar. Dois atores podem decorar as mesmas falas, mas apenas o talentoso faz a plateia se emocionar. Dois humoristas podem contar a mesma anedota, contudo, somente o talentoso é capaz de reinventar o mesmo riso.

            Talento incomoda. Giovanni Papini disse que “a inveja é a sombra obrigatória de todo gênio e de toda glória”. Se você possui algum talento, prepare-se para o confronto. A mediocridade é uma enfermidade da alma que atinge muita gente. Não são poucos os que estão com os olhos irritados diante do brilho que o talento tem. Provérbios 14.30 define a inveja como “a podridão dos ossos”.

            Talento atrofia. É preciso investimento. A tragédia de muitos talentosos ao longo da história foi sua acomodação. Guimarães Rosa disse que “o animal satisfeito, dorme”. É famosa a frase de Thomas Edison:“Talento é 1% inspiração e 99% transpiração”. Se não há investimento, preparação, crescimento, foco, disciplina, fatalmente haverá atrofia, retardo, perda de qualidade. É desperdício ter talento, mas não ter vontade.

            Talento exige cautela. É ferramenta. Não basta ser talentoso, é preciso ter caráter. Carisma sem caráter é mortal. A Bíblia conta a história de Sansão (Juízes 13-16), um homem talentoso, carismático, mas que não sabia dominar instintos e paixões. Ao invés de usar seu talento para livrar Israel dos filisteus, usou-o para conquistar filisteias! Focalizou o alvo enganoso. Usou a ferramenta certa no trabalho errado. Foi seduzido pela cultura, feriu-se na arma que usava. Terminou sua vida fazendo palhaçadas para divertimento dos filisteus (Jz. 16.25). Talentosos também pecam.

            Talento tem limite. Um talento é resultado de uma série de fatores como genética ou treinamento, enquanto que um dom espiritual é o resultado do poder do Espírito Santo. É bom lembrar que qualquer pessoa, cristã ou não, pode possuir um talento, mas apenas os cristãos possuem dons espirituais. Embora ambos, talentos e dons espirituais, devam ser usados para a glória de Deus e para edificação mútua, os dons espirituais possuem somente esse foco, enquanto que os talentos podem ser usados para objetivos não espirituais. Talento tem limite, enquanto os dons são potencialidades espirituais que nos capacitam a realizar obras que o talento não faz.
            
              Até mais...
              Alan Brizotti

sábado, 7 de julho de 2012

FAÇA SEMPRE O SEU MELHOR, DEUS VÊ!


Muitas vezes desejamos que Deus faça algo pelas nossas vidas, afirmamos crer nEle,  entretanto, não cremos em nós mesmos. A fé é uma parceria de certeza e plena convicção. Ela é visionária e aproveita da inteligência que possuímos para conquistarmos as promessas de Deus para as nossas vidas. Assim, damos ouvidos a voz de Deus e NÃO a do coração.

Há dias atrás, estava resolvendo uns compromissos e fui com a minha filha almoçar em um shopping na praça de alimentação. E lá, a grande maioria dos fast foods colocam um garçom para levar o prato nas mesas dos clientes. Então,  um rapaz muito educado, trouxe o prato que pedimos, nos atendeu muito bem, sempre se colocando á disposição para qualquer necessidade. Lembro que comentei com a minha filha que ele agia como se a franquia fosse dele, tamanha boa vontade em fazer com que o cliente percebesse que era especial para aquela empresa, e isso nos chamou atenção.

Ao dar início a minha refeição, constatei que o grelhado que havia pedido estava muito mal passado,  e tive que o chamar novamente. Ele prontamente me atendeu, comentei que não estava no ponto, estava quase cru e até falei que não queria que passasem de novo (já ouvi inúmeras histórias de donos de restaurantes em que os chefs relatam que se reclamam do prato, alguns com raiva cospem e depois mandam de volta, rsrs). Bem, ele insistiu, pediu desculpas, e foi tentar reparar o erro.

Como haviam muitas pessoas devido ao horário do almoço, enfim, quando mandaram o grelhado da maneira que havia pedido, eu já tinha terminado minha refeição. Foi quando esse rapaz, visivelmente ficou arrasado, pediu desculpas, me perguntou o que ele poderia fazer para reparar esse erro, e para sua surpresa, eu disse que estava tudo bem. Ele espantado, ficou me olhando, e eu respondi: está tudo bem mesmo.

Passado mais uns dias, fomos lanchar no mesmo lugar, o rapaz ficou notóriamente feliz por retornarmos. Dessa vez, o atendimento foi mais que eficiente, e como sempre, o cuidado desse rapaz nos chamou a atenção. Quando terminamos a nossa refeição, no meio de toda aquela correria, chamei o rapaz e pedi para ele ver  se poderia me arrumar uma folha de papel e uma caneta, pois queria escrever uma carta para o gerente geral. Ele humildemente me trouxe o que pedi, sem se preocupar com o que poderia escrever e ainda me disse: o gerente está bem ali, a senhora quer falar com ele? Eu respondi que não, e escrevi minha carta e pedi que ele entregasse ao gerente. Ele assim o fez.

Quando ía saíndo, o evangelizei e ele disse que estava afastado da igreja, estava separado de sua esposa, de seu filho e se deixou levar pela tristeza. E, aí, disse para ele não retroceder e voltar, pois Deus desejava abençoá-lo com o Seu Espírito e assim, toda a sua vida. Finalmente, perguntei se ele queria saber o que dizia a carta que escrevi para o gerente, e ele respondeu com humildade balançando a sua cabeça, que sim. Eu havia escrito uma carta relatando que só havia retornado ali, pelo bom atendimento que ele realizava, que ele trabalhava como se a empresa fosse dele, com carinho e respeito pelos clientes. Disse que muitas vezes, são pessoas como ele, que passam tão imperceptîveis diante do quadro de uma empresa pela função que ocupam, mas que são os alicerces que mantém os clientes.

Ele ficou sem ação, e eu disse que Deus estava sempre vendo a vida dele, mas para que Ele pudesse abençoá-lo, ele teria que O buscar.

Passado mais dias, ele nos falou que havia voltado para a igreja, que estava muito feliz, e falou que a carta que escrevi foi parar na direção geral daquele fast food. Ele foi promovido e está muito feliz.

Sabe? Quando comentei que havia tomado essa atitude, houve quem não acreditou, e falou que ninguém iria dar ouvidos a uma cartinha escrita em uma folha... É, o que importa não é o tamanho de sua atitude, mas a qualidade de sua fé. / Isis Regina